A função Bluetooth é daquelas já há muito presentes dos nossos telemóveis, ainda quando estes não eram smart. Trata-se de uma das, hoje muitas, maneiras de ligar dispositivos digitais sem a utilização de fios ou qualquer outro objeto.
Usamo-lo muito para transferir ficheiros entre dispositivos, telemóveis ou computadores, mas também para ligar outros equipamentos hardware, isto é, equipamentos que estendem as funções do dispositivo original, como uns headphones para o telemóvel ou um rato para o computador.
Mas a tecnologia tem as suas lacunas de segurança e o Bluetooth não é exceção. Uma delas foi apresentada este ano na DEF CON, uma das maiores convenções de hackers do mundo, realizada anualmente em Las Vegas, EUA. Um grupo de investigadores provou ser capaz de usar o Bluetooth para identificar altifalantes de dispositivos móveis vulneráveis. Uma vez identificados, os hackers podem controlar os dispositivos e forçá-los a reproduzir sons “perigosos” que podem levar à perda auditiva a qualquer um que tenha a infelicidade de estar por perto.
E as fragilidades não ficam por aqui. Nas últimas semanas, três académicos americanos descobriram uma lacuna que batizaram como o ataque Key Negotiation of Bluetooth (KNOB). Consiste basicamente numa falha que permite aos hackers interceptarem e alterarem dados enviados por Bluetooth.
A teceira falha, apontada pelo site de tecnologia americano Mashable, tem a ver com a utilização do AirDrop dos utilizadores da Apple. Esta funcionalidade de partilha de ficheiros entre dois dispositivos Apple, que trabalha através do Bluetooth, permite que os hackers que intercedam a ligação acedam ao seu número de telemóvel e através dele a uma série de informações privadas.
Como explica um artigo do New York Times, basta inserir um número no White Pages Premium, um banco de dados online que cobra 5 dólares por mês pelo acesso a registos públicos que o site faz uma pesquisa completa na web, seguindo todos os dados que possam estar ligados. O colunista de tecnologia do jornal americano revela que experimentou o serviço e, em apenas uma hora, o sistema encontrou a sua morada fiscal, o preço da casa onde habita, os impostos que paga, o seu registo criminal, entre outras informações.
Por fim, tem sido também alertado pelos especialistas o facto de muitas lojas usarem o Bluetooth para detetar a localização precisa de pessoas em supermercados, perceber os seus trajetos e consequentemente os seus interesses, e, por fim, manipular os anúncios que lhe vão surgir na internet. Está tudo explicado, com animações ilustrativas mas simultaneamente assustadoras, neste artigo de opinião do New York Times.