Fechado 23 horas por dia. Cela pequena com estrado e colchão de espuma fino, uma espécie de três-em-um que combina duche, sanita e unidade de água potável e uma televisão que passa, em circuito fechado, aulas de psicologia, educação, controle da raiva ou alfabetização.
É assim que Joaquin ‘El Chapo’ Guzmán, narcotraficante mexicano que um tribunal de Nova Iorque, nos EUA, considerou culpado pela entrada de toneladas de droga – a sentença é conhecida a 25 de junho – passará o resto dos seus dias.
O homem que fugiu da prisão por duas vezes, no México, vai para aquela que é conhecida como o cárcere de maior segurança no país.
A Administrative Maximum Facility – conhecida como ADX e apelidada de “Alcatraz dos Montanhas Rochosas” – fica no estado do Colorado e, desde que abriu em 1994, nunca um preso conseguiu dali fugir.
As regras de funcionamento são férreas e seguidas ao milímetro pelos guardas. Os presos nunca se cruzam nos corredores e nenhum anda de um local para outro ao mesmo tempo que outro.
“Para que ele conseguisse fugir tinha de ter o diretor ou um guarda no bolso”, explicou, ao The Washington Post um guarda prisional reformado que lá esteve destacado.
A prisão funciona como se fosse uma solitária. Alberga cerca de 400 detidos que para ali foram por razões de comportamento, devido a falta de logística noutros locais ou, como deve ser o caso de El Chapo, pelo tipo de crimes que cometeram.
Não é ainda certo que o mexicano cumpra pena nesta penitenciária, mas desde que foi capturado depois de fugir por um túnel construído por debaixo do chuveiro na prisão mexicana e extraditado para os EUA que se fala que o destino será a ADX.
Caso se confirme, como “companhia” Dzhokhar Tsarnaev, o bombista da maratona de Boston, Ted Kackzynsk, conhecido como Unabomber (o bombista que entre o final dos anos 1970 e a década de 1990 matou três pessoas e feriu outras 23), Ramzi Yousef, o líder dos ataques ao World Trade Center em Nova Iorque ou Zacarias Moussaoui, um operacional da Al-Qaeda nos atentados 11 de setembro.
O procurador Allan Kaiser diz ao mesmo jornal que, aquando das visitas, nunca viu mais nenhum preso no ADX a não ser o seu cliente. “Era imaculadamente espartano: o chão brilhava, as paredes estavam limpas e os corredores vazios. Não havia ninguém por perto, nem se ouvia qualquer ruído.”
A ADX está feita e é regida para que haja um ambiente de segregação e punição intensas.
Um antigo guarda entrevistado pelo programa 60 Minutes disse que era “o mais próximo do inferno” que conhecia.