Ao final da tarde, a luz do sol incide sobre a escombreira e ofusca o olhar. Esta montanha de pedras interrompe a planície alentejana e avista-se das traseiras da casa de Maria Umbelina Xavier, em Fonte Soeiro, na freguesia de Pardais, Vila Viçosa. Aos 61 anos, a mais velha de cinco irmãos, Maria Umbelina sente-se esmagada pelas pedreiras que a rodeiam. Cedo lhes ganhou aversão. Foi ali mesmo, no aterro visível do seu quintal – Maria Umbelina aponta sem olhar – que morreu o irmão mais novo, há 38 anos. “Foi ver de um ninho de pássaros com uns amigos. Subiu a umas rochas e resvalou lá para baixo…” O rapaz tinha 8 anos.
Agora, Maria Umbelina está de novo de luto pela morte de um irmão. Também ele vítima da crueldade das pedreiras. João Xavier faria 57 anos na terça-feira, 20 de novembro, mas no dia anterior foi engolido pelo deslizamento de um troço da EM255, enquanto trabalhava como auxiliar de retroescavadora na pedreira explorada pela empresa A.L.A. de Almeida. Com ele, foram arrastadas mais quatro pessoas (outro trabalhador e três pessoas que circulavam na estrada). Cinco vítimas que obrigam o País a refletir sobre a segurança e também sobre a importância da atividade na região.
O marido de Maria Umbelina, falecido há dois anos, trabalhou igualmente toda a vida no meio das pedras. Reformou-se antecipadamente, depois de ser operado aos pulmões. “Naquele tempo, as pessoas nem se viam tal era a poeira que andava no ar”, ilustra a agricultora, aposentada há um par de anos. “Felizmente, o meu homem só teve dois acidentes. Ficou sem a cabeça de um dedo e, uma vez, partiu uma perna”, desvaloriza. Já outro dos dois irmãos que lhe restam teve menos sorte: a rocha amputou-lhe uma perna e foi forçado a deixar de trabalhar.
![Maria Umbelina Xavier](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/13563586Maria-Umbelina-Xavier.jpeg)
Maria Umbelina Xavier, 61 anos, perdeu um dos irmãos no desabamento da EM255. Já outro irmão tinha morrido, ainda criança, ao cair numa pedreira: “Estou sempre com o coração nas mãos”
Marcos Borga
O sobressalto de ter familiares no ofício continua. O irmão mais velho, a seguir a Umbelina, continua a trabalhar nos poços de pedra. E um dos seus cinco filhos também. “Estou sempre com o coração nas mãos. Será como Deus quiser, a Providência é que sabe”, conforma-se.
Hesitante, arrisca uma acusação: “Quem ali passava na estrada não sabia do perigo, mas os donos deviam saber.” Maria Umbelina não duvida que, muitas vezes, as regras de segurança não são escrupulosamente cumpridas. Contudo, “se alguém não for trabalhar por causa disso, vai outro no lugar dele que não se preocupa em fugir do perigo”, assegura. “É um trabalho de muito risco, nunca sabemos o que pode acontecer. Na nossa zona também não há mais nada”, lamenta.
Cerca de 45% da população de Vila Viçosa está ligada, direta ou indiretamente, a esta indústria – em Borba e em Estremoz será pouco menos de um terço. Os números são avançados pelo historiador Carlos Filipe, do Centro de Estudos de Cultura, História, Artes e Património de Vila Viçosa. “É fundamental que o setor se mantenha ativo. É muito importante para a região e para o País”, sublinha o também investigador da Universidade de Lisboa.
O sustento e o medo
No café Pôr-do-Sol, no centro de Pardais, toda a gente conhece a tragédia de Maria Umbelina e das restantes quatro famílias atingidas pelo desabamento da EM255. Quase uma dezena de homens está reunida à volta de duas mesas na esplanada. A conversa vai invariavelmente desembocar no acidente de Borba. “Muitas pedreiras perigosas vão ser obrigadas a parar”, avança André Pinto, antes de acrescentar: “Só espero que venham para aí fiscais que percebam disto.” Se há alguém que se sente habilitado para debater o assunto é este antigo cabouqueiro (nome dado aos trabalhadores que se dedicam à extração da pedra) com 36 anos de experiência.
A sua jovialidade contrasta com os 82 anos de vida marcados no cartão de cidadão, mas não no rosto. “No nosso tempo era menos perigoso, porque as covas não eram tão fundas, também é verdade que não havia tantas máquinas, era o nosso corpo que fazia o esforço todo”, reflete. Chegou a estar a 80 metros de profundidade. Hoje, o poço mais fundo registado tem 150 metros. “Vi dois homens morrerem ao pé de mim”, conta, de semblante fechado. “Um deles caiu de 70 metros de altura e ficou logo com a cabeça esborrachada. Outro caiu-lhe uma pedra em cima e nem teve tempo de perceber nada”, recorda. Um bloco com 3,5 metros cúbicos pesa à volta de 10 toneladas. “Nós estávamos habituados ao perigo desde cedo. Agora, os mais novos têm medo enquanto lá andam”, garante André Pinto.
Maria Queiroz, 50 anos, ficou viúva aos 34, depois de uma pedra esmagar o marido na exploração onde trabalhava
Marcos Borga
A proprietária do café, Maria Queiroz, não resiste a interromper a conversa: “Também o meu marido morreu nas pedreiras, com 33 anos.” Quando ficou viúva, há mais de uma década, a filha e o filho eram pré-adolescentes. “A gente sabe que alguém tem de trabalhar lá, mas é um risco.” Por isso, sempre foi “impensável” os filhos seguirem os passos do pai. Aos 50 anos, Maria Queiroz não perdeu o medo, sobretudo depois do acidente de Borba. “Nem quero pensar como teria sido se a derrocada tivesse acontecido à noite. Até alguém dar o alarme teriam caído, caído e continuado a cair por ali abaixo”, imagina, levando as mãos à cabeça. Residente em Borba, todos os dias fazia o troço da estrada que ruiu. “Agora, sempre que passo perto das pedreiras, não consigo deixar de pensar no que pode correr mal”, diz. Tem esperança que “haja uma mudança” e que a fiscalização passe a ser mais rigorosa, mas deixa um alerta: “Se as empresas pararem, como é que as pessoas se sustentam?”
“Há muito excesso de confiança”, concede Álvaro Galego, 39 anos. “O mais perigoso é quando a grua está a puxar a pedra. As pessoas têm de se desviar, não podem facilitar”, aconselha. “Alguns tiram as proteções que impedem o fio diamantado de se soltar quando parte porque acham que atrapalha o trabalho. Só voltaram a pô-las depois do acidente de Borba”, revela o condutor-manobrador, que começou a trabalhar no setor assim que atingiu a maioridade. Filho de cabouqueiro, pois claro.
A exploração da pedra e dos homens
A seguir à Administração Pública, as pedreiras serão o segundo maior empregador da região, calcula o Sindicato de Cerâmica, Construção e Mármores do Sul. De acordo com os dados mais recentes, à volta de 600 trabalhadores estão afetos à indústria extrativa no Alentejo. Tempos houve em que seriam muitos mais.
A região conta com dois mil anos de História ligada aos mármores. “O Renascimento também se fez sentir em Portugal pela procura de materiais nobres”, contextualiza Carlos Filipe. Já no século XX, na viragem para a década de trinta, chegam as grandes companhias belgas que modernizam o setor. Naquela época, uma única exploração somava 500 trabalhadores, outras contratavam à centena. Ao contrário da agricultura, ali o trabalho não era sazonal e o ordenado chegava a ser 30% superior. A ascensão seria travada pelo choque petrolífero de 1973 e pelas convulsões sociais do pós-25 de Abril. O impulso viria a ser recuperado nos anos 1980, beneficiando, em grande medida, do aparecimento do fio diamantado, que facilitou o processo de corte da pedra e reduziu a necessidade de mão de obra.
O anticlinal de Estremoz, nome dado ao veio de mármore de 27 quilómetros quadrados que une Borba, Vila Viçosa e Estremoz, soma 271 pedreiras, estando 24 delas classificadas como ilegais. Atualmente, apenas 70 estão a ser exploradas (entre 2010 e 2015 as explorações ativas no Alentejo diminuíram 30%).
O investigador Carlos Filipe é muito crítico da extinção do Serviço de Fomento Mineiro, nos anos 1990: “O Estado perdeu o controlo sobre a atividade, passando a monitorizar tudo à distância, com todos os riscos que isso acarreta”. E aponta o dedo à falta de fiscalização: “A equipa do centro de investigação a que pertenço está no terreno todas as semanas e, desde 2012, nunca foi confrontada com uma fiscalização a decorrer numa pedreira. Nunca vi cá os fiscais”, reforça.
O representante do Sindicato de Cerâmica, Construção e Mármores do Sul, Nuno Gonçalves, lamenta que muitos empresários continuem a ver a prevenção como um custo e não como um investimento. “Só uma minoria leva a segurança a sério”, garante. O administrador da Margrimar, empresa de exploração de mármore, Luís Sottomayor, contrapõe e afirma que “a exceção são as empresas que não cumprem as normas de segurança”.
As complicações de saúde são outra das agravantes da profissão. Às doenças musculosqueléticas, juntam-se as respiratórias provocadas pela acumulação da sílica nos pulmões.
A estes problemas soma-se a questão salarial – não há aumentos há 15 anos. “Entre 2010 e 2015, a produção reduziu-se em 48%, enquanto a receita só caiu 25%. Significa que a matéria-prima foi vendida mais cara, mas isso não se refletiu nos ordenados”, acusa Nuno Gonçalves. “Os antigos ainda conseguem ganhar à volta de €700 ou €800 brutos, para os mais novos isso já não existe”, contabiliza. Se a dureza do trabalho afasta muitos jovens, os baixos salários terão igualmente responsabilidade no envelhecimento da mão de obra. A faixa etária mais representativa está entre os 50 e os 60 anos.
Luís Sottomayor garante que, pelo menos na empresa por ele gerida, houve atualizações salariais. E lembra que “o contexto é de dificuldade”. De acordo com o empresário, “o mercado interno é residual e o do Médio Oriente está instável”. Além disso, a geografia encarece o transporte da matéria-prima nacional e dificulta a competição com outros mercados. Luís Sottomayor destaca o custo dos combustíveis: “Chegamos a gastar 30 a 40 mil litros de gasóleo por mês e, ao contrário dos espanhóis, não beneficiamos do gasóleo industrial, que garante preços mais baixos.”
Justificações à parte, as reivindicações por melhores salários são feitas a custo, assegura o sindicato. “Temos tido grandes dificuldades até a distribuir panfletos dentro das fábricas, chegámos a ser expulsos”, admite Nuno Gonçalves. Também já houve plenários interrompidos por patrões e empresários a ofereceram €25 aos funcionários para não participarem nas reuniões de trabalhadores. “Ainda é um regime um bocado feudal”, classifica o sindicalista.
Na dureza do ofício
Jorge Letras, 56 anos, encarregado-geral da fábrica da Marbrito, empresa de Vila Viçosa dedicada à transformação do mármore, tem uma visão otimista do futuro da profissão: “Daqui a dez anos, poderá ser dos trabalhos mais bem pagos porque haverá falta de mão de obra e, a única maneira de a atrair, será com salários elevados.” Tinha apenas 15 anos quando o pai começou a fazer dele “um marmorista a sério”, já lá vão 34 anos dedicados à profissão. “Chegámos a ser mais de 100 quando vim para cá. Hoje, somos uns 15 ou 20”, calcula. E, defende, não foi só a inovação que diminuiu a necessidade de mão de obra: “Os arquitetos portugueses não dão atenção ao nosso mármore. Se exportamos tanto, à volta de 90%, por que razão a pedra não pega cá?” Apesar de a exportação ser a tábua de salvação do setor, Jorge Letras também a considera a “ruína” dos empresários. “Determinados mercados, como a Arábia Saudita, regateiam muito o preço e encostam-nos à parede. Impõem o seu preço porque há pouca procura”, explica.
Jorge Letras, 56 anos, e o sobrinho, Jorge Miguel Geadas, 44, seguiram ambos os passos dos pais e trabalham na indústria das pedreiras. O tio acredita que a falta de mão de obra irá valorizar a profissão: “Daqui a dez anos, poderá ser dos trabalhos mais bem pagos, porque não haverá gente com vontade de se empregar nisto. A única maneira de atrair mão de obra será com salários elevados”
Marcos Borga
O sobrinho de Jorge Letras, Jorge Miguel Geadas, 44 anos, também é encarregado-geral de uma exploração de mármore da Marmoz. Tio e sobrinho estão com o olhar perdido nas gruas e nos pórticos que decoram a paisagem esventrada da Herdade da Lagoa, em Vila Viçosa: “Noutra altura, havia aqui 60 pedreiras a trabalhar. Hoje, não são mais de uma dúzia”, afirma Jorge Miguel Geadas. Ainda assim, esclarece o tio, “as duas ou três maiores empresas da região empregam à volta de 70 trabalhadores cada uma”. Jorge Letras admite que, depois do acidente, o ambiente “está sensível”. Após o deslizamento do troço da EM255, o clima de tensão é evidente. Maximiano Claro, 60 anos, não está para grandes conversas. Comerciante de mármore, conhecia José Rocha, o Zé Algarvio, uma das vítimas que passavam na estrada naquela tarde de segunda-feira. “Ainda não tive coragem de ir ver a mulher dele”, confessa. “Este acidente vai dar a volta a muita coisa”, afirma. “Haverá um antes e um depois da tragédia, por exemplo, ao nível da fiscalização”, acredita. Antes de se escapulir para o almoço, atira: “Vai ser preciso encontrar um bode expiatório e o elo mais fraco desta história é o presidente da Câmara de Borba.”
Também António Mano está intranquilo. Teme que o patrão possa aparecer e é certo que não gostará de o ver a conversar com desconhecidos a meio do serviço. “Todos ficaram com medo das fiscalizações depois do acidente. Haverá muitas”, afiança. “Ando há 38 anos na pedra”, diz, atalhando conversa. Aos 55 anos, trabalha numa pedreira com 50 metros de profundidade em Bencatel, Vila Viçosa, mas é natural de Borba. “A pedra que hoje tiramos num dia, antes tirávamos num mês. Era tudo à base do nosso esforço. Agora, com três homens fazemos mais do que antigamente com cinquenta”, compara.
Ao fim de 38 anos a trabalhar nas pedreiras, António Mano está ansioso pela reforma e tem esperança de beneficiar da recente alteração da lei, que permite a aposentação aos 55 anos, a sua idade. Mas admite que não será fácil o patrão encontrar um substituto: “Nesta área não há desemprego. Precisamos de contratar mais dois ou três homens, mas não conseguimos. Ninguém quer andar a ver pedras oito horas por dia”
Marcos Borga
Apesar de ser precisa pouca mão de obra, ela não é fácil de encontrar. “Nesta área não há desemprego. Precisamos de contratar mais dois ou três homens e não conseguimos. Ninguém quer andar a ver pedras oito horas por dia”, lamenta-se. Além disso, “anda-se ao rigor do tempo”. No inverno, às 8 da manhã, chegam a enfrentar gélidas temperaturas abaixo de zero. No verão, os poços de pedra rondam uns sufocantes 50 graus. É também por isso que António Mano está ansioso por deixar aquela vida. “Quando o material é bom, a gente ganha-lhe amizade, quando não é… O aproveitamento do que é retirado não vai além dos 10%”, constata, antes de confessar: “Tenho esperança de que me deem já a reforma, mas era sorte a mais.”
Foi recentemente aprovado o novo regime de aposentação dos trabalhadores da indústria de extração de pedra. Agora, será possível reduzir em um ano a idade da reforma por cada dois anos de descontos, até ao limite dos 55 anos.
Novos caminhos
Os irmãos Ramalho nem querem ouvir falar em reforma. Perguntar-lhes se não preferiam estar em casa, em vez de na oficina, é interpretado como uma ofensa. “Só estou em casa para comer e dormir!”, contesta Luís Ramalho. Já passou dos 70, tal como os seus outros dois irmãos, que também tomam conta do negócio, dedicado aos acabamentos do mármore. Primo Ramalho tem 76 anos; Luís, 73; José Alberto, 70. Dentro da oficina, junto à zona industrial de Estremoz, há uma névoa permanente provocada pelo pó da pedra à solta no ar. Respiram-na sete dias por semana. Eram gaiatos e já ajudavam o pai a transformar o mármore. “Saíamos da escola e, em vez de irmos estragar as botas na brincadeira, vínhamos aprender o ofício”, recorda Primo Ramalho. Ainda se lembram de verem transportar a pedra em carroças. Quando se deu o 25 de Abril, já os três irmãos trabalhavam juntos. Olhando em volta, é evidente que as funerárias continuam a dar-lhes trabalho, mas muito mudou nos últimos anos. “Há uma década, tínhamos uma dezena de empregados. Hoje, restam dois”, contabiliza Luís Ramalho.
Também Célia Curvo, 57 anos, herdou o negócio de transformação de mármore do pai. Aos 21 anos, já tinha carta de condução de pesados, essencial para ir buscar a matéria-prima às pedreiras. É difícil encontrá-la na oficina, em Estremoz, anda sempre de um lado para o outro. A seguir, tem de ir entregar umas bancadas de cozinha no Redondo. “Por aqui, não há outra mulher nos mármores”, afirma, orgulhosa. Já está habituada a que lhe entrem pelo escritório adentro e peçam para falar com o patrão. “Quando digo que sou a patroa, as pessoas ficam surpreendidas, depois até acham que uma mulher percebe mais do assunto”, revela, sorridente. Conta com um par de funcionários e admite que nem sempre é fácil cumprir todas as exigências de segurança, devido às dificuldades económicas. “Mas nós temos muito cuidado”, sublinha.
A dureza da vida no setor só torna mais urgente divulgar o mármore nacional. A enfermeira Filipa André, 60 anos, abandonou a bata branca e abriu a Elapedra, uma galeria de arte dedicada a peças de design e esculturas, junto ao Castelo de Estremoz. Já expôs peças do escultor João Cutileiro, mas também vende objetos utilitários feitos em pedra. “Chego aos quatro cantos do mundo. No entanto, o meu principal cliente é português”, afirma, orgulhosa. “As pedreiras atraem muitos visitantes. Alguns turistas aventuram-se, eu aconselho-os sempre a irem com um guia local.” Joaquim Pena, 52 anos, é um dos artistas que trabalham com a galeria. Nascido em Estremoz, apresenta-se como Francesco Pluma, o seu nome artístico, e diz-se um autodidata. “O mármore é usado, sobretudo, na construção, apesar de ter muito potencial artístico e isso também valoriza esta matéria-prima”, sublinha o escultor. O seu afeto pela pedra é evidente. Porém, os habitantes locais têm, muitas vezes, uma relação ambígua com a maior riqueza, e a maior ameaça, da região.
Maria Queiroz, a proprietária do Pôr-do-Sol, o café da freguesia de Pardais onde já se desfiaram muitas tragédias, sintetiza o sentimento geral: “A paisagem é muito bonita, mas, ao mesmo tempo, é horrorosa.”