Foi há 9 mil milhões de anos que um par de buracos negros, com uma massa 34 e 51 vezes superior à do Sol, se fundiram numa gigantesca colisão, que provocou ondulações no espaço-tempo – as ondas gravitacionais de que Albert Einstein falava há um século e cuja existência só foi confirmada em 2016 – detetadas no verão do ano passado por um grupo internacional de investigadores.
Da colisão, a maior alguma vez “observada”, resultou um novo buraco negro, com uma massa 80 vezes superior ao do Sol e uma série de ondas gravitacionais que provocaram uma deformação do espaço-tempo e que, a viajarem à velocidade da luz, se tornaram agora detetáveis a partir da Terra.
A Teoria da Relatividade de Einstein diz que a gravidade é uma curvatura no espaço-tempo, sendo que quanto maior a gravidade de um objeto, maior a deformação no espaço-tempo que provoca quando sofre uma aceleração, como é o caso da fusão de dois buracos negros. Estas ondulações são, no entanto, tão minúsculas – uma fração do tamanho de um átomo, que o físico alemão acreditava que não haveria tecnologia capaz de as detetar.
O facto de, neste ponto, Einstein estar errado, abre um campo novo na astronomia, permitindo aos cientistas “viajar” no tempo e em profundidade até aos fenómenos mais intrigantes do espaço, sem a limitação dos telescópios atuais.
Neste caso, os cientistas descobriram ainda outros três fenómenos de ondas gravitacionais, elevando para 11 as deteções desde a primeira, relatada em 2016. Do total, 10 são relativas à fusão de buracos negros e uma à colisão de estrelas de neutrões. Mais pequenas, as outras três ondas gravitacionais datam de entre 3 a 6 mil milhões de anos luz.
Susan Scott, da Universidade Nacional da Austrália e co-autora do estudo, que vai ser publicado no Physical Review X, descreve as novas descobertas como “um grande avanço”. Além de se tratar da maior e mais distante fusão alguma vez detetada, os buracos negros envolvidos também rodopiavam à maior velocidade observada.
As ondas gravitacionais foram detetadas por instrumentos do LIGO (Observatório de Interferometria Laser de Ondas Gravitacionais) separados por 3 mil quilómetros, nos EUA.
Os astrofísicos acreditam, atualmente, que há cerca de 10 mil buracos negros no centro da Via Láctea, todos em torno de um buraco negro supermassivo.