Os investigadores em Sistemas Inteligentes, Daniel Canedo, 25 anos, mestre de Engenharia e o seu professor António Neves, especialista em Programação, desenvolveram um sistema informático que avalia o foco dos alunos durante uma aula. O resultado irá permitir ao professor perceber em que partes da sua aula não conseguiu prender o olhar dos alunos.
A tecnologia usada não é nada de especial, como explica Daniel Canedo, “o algoritmo, sim, é especial e complexo”. O sistema é formado por uma câmara (o ponto de referência) instalada na sala, que capta os rostos de cada um dos alunos. Em contínuo, essa imagem é enviada para um servidor que deteta e reconhece as caras dos alunos. Depois de todas as caras estarem identificadas, o servidor extrai os dados necessários para estimar o foco com que os estudantes estão ao longo da sessão.
Ao contrário do que se possa pensar, não são as expressões faciais a denunciar a falta de foco, mas sim a pose da cabeça. A cabeça tem de estar direcionada para o ponto de referência, colocado num determinado ponto da sala, que pode ser mais para a esquerda ou mais para a direita, e não, necessariamente, em frente.
Esta ferramenta poderá também ser usada em congressos, palestras, conferências ou em qualquer outro tipo de acontecimento com público e oradores, mas também no meio publicitário, por exemplo, para testar o alcance de um anúncio.
A forte ligação entre a posição da cabeça e o foco já foi estudada pelo Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (Alemanha) e pela Universidade de Carnegie Mellon (EUA), em que outros cientistas indicam que a pose da cabeça contribui em 88,7% para o foco de um participante.
“É importante mencionar que o nosso sistema não é capaz de estimar a atenção da plateia, mas apenas o seu foco. A atenção é algo complicado de se estimar, visto que um participante pode olhar para o orador ou para os conteúdos projetados durante toda a aula, o que indicaria estar atento, mas a sua mente pode estar a divagar noutros pensamentos”, esclarece Daniel Canedo.
Com os resultados finais, também os alunos podem perceber em que parte estiveram distraídos e assim selecionar as matérias em que terão de reforçar o estudo.
No futuro, os investigadores vão continuar a correlacionar foco e atenção, numa medição que pode passar por um quiz no final da aula, além de instalar uma segunda câmara ao sistema “para estimar a performance universitária e a confiança do professor, através de gestos, tom de voz”, explica Daniel.