O pretexto foi o dia Nacional do Cientista, que se celebrou a 16 de maio, mas na verdade não fazem falta desculpas para falar do que nos trouxe ao aqui e agora. Somos feitos de pó das estrelas, mesmo que as luzes da cidade e os afazeres da vida nos impeçam de olhar para cima.
Depois de um dia longo, de reuniões “chatas”, como disse o deputado, e cientista, Alexandre Quintanilha, os deputados à Assembleia da República tiveram a oportunidade de “poder sonhar”, e de baralhar o cérebro, com a sessão de astronomia a contrarrelógio, oferecida por oito cientistas do Instituto de Astrofísica. Recorrendo ao formato Ignite – uma apresentação de cinco minutos, sobre um determinado tema – os investigadores portugueses (Pedro Machado, Nuno Santos, Margarida Cunha, José Afonso, Catarina Lobo, Lara Sousa, Tiago Barreiro e Mário João Monteiro), de uma das mais bem sucedidas áreas da ciência portuguesa, foram mostrar o que fazem e sensibilizar os decisores para a importância de apoiar a investigação.
Falou-se de Vénus e de como o estudo da sua atmosfera densa e escaldante nos pode servir de bola de cristal para um planeta Terra a viver um processo de alterações climáticas. Nuno Santos, recordista na identificação de planetas extra-solares mostrou de que forma os portugueses dão cartas na exploração do Cosmos, contribuindo por exemplo para a construção do espresso, um equipamento de nome espectrógrafo, que é capaz de detetar na luz das estrelas a interferência, embora muito ténue, provocada por planetas como a Terra. Margarida Cunha deu-nos música das estrelas. Parece mais um rugido e dá-nos pistas quanto à idade e ao tamanho de cada um dos astros.
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Alexandre Quintanilha, presidente da Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República
DR
Também se falou de Einstein e de como o génio não se enganou quando referiu a existência de ondas gravitacionais. Que não se vêem, nem se sentem, mas são responsáveis por manter a ordem natural das coisas, que é como quem diz o Sol, a Lua, a Terra e cada um de nós no seu lugar. Mais difícil de conceber do que estas ondas, que traduzem uma perturbação no espaço/tempo provocada por todos os corpos com massa, é a energia escura, que compõe mais de dois terços do Universo. Ninguém sabe o que é. Mas é certo que existe.
Trabalho não falta, portanto, a todos os que queiram, e consigam, juntar-se a esta comunidade de curiosos patológicos, que tentam ‘contaminar’ todos à sua volta – promovendo sessãos como esta em todo o país, em associação com autarquias e escolas.
No final, muitas dúvidas e uma angústia, transmitida pela deputada e professora de Geografia, Maria Augusta Santos, eleita pelo PS, círculo de Braga: “Como conseguem os professores acompanhar o ritmo de produção de novos conhecimentos?”
Com sessões como esta, respondeu João Afonso.