Nuno Nazareh Fernandes foi, há uns dias, expulso da maçonaria, para onde entrou há 38 anos. Segundo o decreto do tribunal maçónico da Grande Loja Legal de Portugal (GLLP), que decretou o seu afastamento e a que a VISÃO teve acesso, tudo começou com uma participação do grão-mestre, Júlio Meirinhos, que não gostou do conteúdo de uns textos que o compositor e escritor publicou na sua página no Facebook. ‘Para mim é uma honra e um privilégio ser expulso, e pelos motivos evocados, pela equipa de Júlio Meirinhos e os seus funcionários’, diz à VISÃO Nazareth Fernandes, acrescentado: ‘Isso apenas pode significar que continuo a ser reconhecido como um verdadeiro maçon pela esmagadora maioria dos meus irmãos nacionais e estrangeiros’. Em causa está um texto, em estilo de crítica social, intitulado ‘Portugal dos Pequenitos’ que o compositor partilhou no Facebook. Nesse texto, publicado a 13 de Novembro de 2017, Nazareth Fernandes falou de vários acontecimentos, como o Web summit em Lisboa, o surto de legionella e o congresso da maçonaria. E, pelo meio, fez algumas críticas, nomeadamente à actual liderança da Grande Loja Legal de Portugal que dizia possuir ‘uma ignorância maçónica’ . Além disso, acusou alguns se serem ‘pseudo ‘irmãos’ que na sua prática profana são tudo menos maçons’. A direcção da GLLP não gostou e decidiu
instaurar um processo disciplinar. O tribunal maçónico alegou que Nazareth Fernandes revelou ausência de ‘sentimento fraterno’ por, no texto, ter tratado os ‘irmãos’ por ‘desmiolados’ e mostrou falta de respeito pelo grão-mestre por o ter apelidado de ‘pavão profissional’. A 14 de Fevereiro, Nazareth Fernandes recebeu uma notificação a anunciar que estava suspenso. Na resposta, o maçon alegou que o decreto do tribunal era um ‘delírio acusatório’, sublinhou que nunca se dirigiu ao grão-mestre, referiu que lhe ‘truncaram as informações’ e notou que se tratava de um texto irónico que os maçons inteligentes perceberam perfeitamente. Nesse documento de resposta, o escritor explicou ainda que não se revê atualmente nesta maçonaria e avisou que ele mesmo ia sair. ‘Sou eu que expulso sim esta pretensa Grande Loja de dentro de mim. Como dizem os ingleses I am out’, escreveu. Por isso, diz não perceber porque a 16 de março, os elementos do tribunal interno fizeram questão de elaborar um acórdão para o mandar embora. ‘Não entendo como se pode expulsar alguém de uma organização depois de claramente ela afirmar que se auto-exclui por se manter fiel aos princípios que nortearam a sua fundação e serem estes incompatíveis com a actual prática desta grande loja’.
Nazareh Fernandes foi, nos anos 80, um dos nove fundadores do que é hoje a Grande Loja Legal de Portugal – uma obediência reconhecida pela Grande Loja Unida de Inglaterra: Entrou primeiro, em Junho de 1980, para o Grande Oriente Lusitano, mas uns tempos depois saiu e com outros ‘irmãos’ fundou esta nova maçonaria, onde nos últimos tempos partilhava rituais na loja Sebastião da Gama.