Deixou marcas em dezenas de projetos, e um bocadinho dele está naquilo que há de bom na comunicação social portuguesa, sobretudo na imprensa escrita. Pedro Rolo Duarte foi fundador da VISÃO, editor da revista Kapa, do suplemento DNA e do Independente, todos títulos marcantes da história recente da imprensa portuguesa, entre muitas outras coisas. Aos 53 anos, deixa atrás de si um longo percurso.
Jornalista multifacetado, começou a sua carreira muito novo, aos 17 anos, colaborando com o Diário de Notícias, e estreou-se na rádio com apenas 20 anos. «Eu ouvi o futuro da rádio em Portugal e ele chama-se Pedro Duarte», escreveu na altura o crítico de rádio do semanário de espetáculos Se7e, do qual Pedro Rolo Duarte viria mais tarde ser diretor-adjunto (1988-1989). Atualmente, e desde 2009, mantinha com João Gobern, na Antena 1, o programa Hotel Babilónia, nome escolhido em homenagem a Carlos Cáceres Monteiro, primeiro diretor da VISÃO. As conversas entre dois amigos de longa data, que trabalhavam juntos desde os anos 80, colavam à rádio nas manhãs de sábado um grupo fiel e atento de ouvintes.
Pedro Rolo Duarte fez também carreira na televisão, iniciada aos 23 anos, com o semanário de espetáculos Programa das Festas, na RTP 1. Manteve um atividade regular nos ecrãs até 2015, apresentando programas como Tanto para Conversar (RTP 2), Em Legítima Defesa (TVI) ou Canal Aberto (RTP 1), entre muitos outros.
Filho de dois jornalistas, Maria João Duarte e António Rolo Duarte, Pedro cresceu entre jornais e revistas. Amava o jornalismo e a comunicação, e pôs em tudo o que fez paixão, profissionalismo, intensidade e uma enorme dose de exigência, criatividade e arrojo. Projetos como a revista Kapa, de que foi editor-geral (1991), dirigida por Miguel Esteves Cardoso, romperam com o «establishment» e marcaram pela irreverência.
Começou a trabalhar na criação de uma nova revista, a VISÃO, seis meses antes do primeiro número ir para as bancas, a convite de Cáceres Monteiro, tendo tido um papel fundamental na definição do projeto, no qual se manteve, como editor-geral, até 1995, continuando depois cronista até 1999. Com o suplemento DNA, criado em 1996 e vendido aos sábados com o Diário de Notícias durante dez anos, não só deixou uma marca indelével como deu voz a uma geração de novos jornalistas que viriam a dar cartas na profissão.
Foi subdirector do DN entre 2004 e 2005. Colaborou com o Jornal I no seu primeiro ano, editando o suplemento semanal Nós.
Cronista do SAPO, onde escrevia semanalmente até que a doença o impediu, há cerca de três semanas, assinou colunas de opinião em dezenas de jornais e revistas ao longo dos seus 36 anos de carreira. Escreveu também três livros, reunindo as crónicas de imprensa: Fumo (2007), Sozinho em Casa (2002), Noites em Branco (1999).
Morreu esta manhã no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de cancro. O velório realiza-se a partir das 17h, na Igreja do Campo Grande, bairro lisboeta onde cresceu.
Pedro Rolo Duarte deixa um filho, António Maria, de 22 anos, de que muito se orgulhava. E deixa também uma legião de amigos, que não o esquecerão.
Cláudia Lobo