Na edição do jornal Politiken de sexta-feira, as mulheres denunciam um “ambiente de degradação e abusos” na empresa e relatam vários episódios de assédio por parte do produtor Peter Aalbæk Jensen, co-fundador da Zentropa, que iam, alegadamente, desde apalpões a convites sexualmente explícitos, passando por premiar, por exemplo, a estagiária que se despisse mais depressa em eventos da empresa.
“Acho que toda a gente que trabalhou na Zentropa foi exposta ou presenciou certas coisas. Tanto atos de assédio sexual, quanto de bullying. Tudo isso estava arraigado na cultura”, garante a produtora Meta Louise Foldager Sørensen, que em 2013 publicou o livro Zentropia, depois de ter passado três anos na empresa.
Peter Aalbæk Jensen não desmente algumas das situações descritas, dizendo que fazem parte de “rituais” da Zentropa. Sobre outras, alega que não se lembra, mas “provavelmente não aconteceram”.
Já na segunda-feira, um comunicado da Zentropa publicado pela revista Screen Daily, adianta que já houve uma reunião com Peter Aalbæk Jensen sobre o “ambiente de trabalho e as condições sociais” na produtora e que foi alcançado um acordo. “A administração emitirá um conjunto de regras” a que todos os funcionários estarão sujeitos, acrescenta, especificando que “não fará parte da cultura da Zentropa dar ou receber uma palmada nem como recompensa nem como castigo, independentemente se todas as partes envolvidas sentem esses actos como divertidos. A cultura empresarial na Zentropa continuará a ser colorida e divertida, mas não queremos violar os direitos de ninguém nem insultar ninguém.”
Em meados de outubro, a cantora Björk publicou nas redes sociais um texto em que dizia ter-se dado conta, na sua breve experiência no cinema, durante a rodagem de “Dancer in the Dark “de Lars Von Trier, “de que era habitual um realizador tocar e assediar as suas atrizes”.