Parece o cenário de um filme de terror, mas não é. Alguns cadáveres estão enterrados a menos de um metro de profundidade, outros estão pendurados em árvores e há até os que estão submersos em água. É desta forma que se dispõem os corpos, nos Estados Unidos, nos campos criados especialmente para estudar a sua decomposição. Os cadáveres foram doados à ciência forense pelos seus proprietários que assim o decidiram quando ainda estavam vivos. Há até uma lista de espera de corpos humanos para entrarem nestes campos de estudo sobre a decomposição em diferentes condições ambientais.
O primeiro centro de tafonomia (assim se chamam estes campos de investigação forense ao ar livre) nos Estados Unidos foi criado pela Universidade do Tennessee. No país já existem seis centros de tafonomia e há planos para construir mais dois. Na Austrália existe um. Mas como as condições climatéricas no Reino Unido são muito diferentes, os cientistas forenses britânicos estão agora a tentar convencer o governo a estabelecer o primeiro centro de tafonomia no país. Os cientistas consideram que tanto o clima como o solo são diferentes no Reino Unido, por isso o impacto sobre o processo de decomposição do corpo não será igual aos outros países, o que justifica a necessidade de se criar um desses centros ao invés de serem aproveitadas as investigações realizadas por outros países.
Segundo Anna Williams, antropóloga forense da Universidade de Huddersfield, em Inglaterra, casos policiais que ficaram por resolver poderiam beneficiar muito com as informações que são obtidas nestes centros de estudo. “Isso permitir-nos-ia desenvolver técnicas aperfeiçoadas de busca e localização de corpos de pessoas que estão desaparecidas há muito tempo. Existe agora uma necessidade urgente de estabelecer um desses centro neste país”, afirmou, ao The Guardian.
Até agora, os cientistas britânicos têm usado porcos – que têm semelhanças fisiológicas com o ser humano – para entender o que acontece ao corpo depois da morte. No entanto, os cientistas defendem que utilizar corpos de porcos para estudar a decomposição do corpo não é igual nem tão eficaz como utilizar cadáveres humanos.
Williams estima que um centro de tafonomia possa custar mais de 500 mil euros. “A investigação forense recebe muito pouco financiamento do Conselho de Investigação por isso esperamos que uma instituição académica inserida numa universidade possa ajudar”, afirma a antropóloga.