Para que serve o nariz? Quando esta pergunta é feita às crianças, por volta da altura em que aprendem o significado dos cinco sentidos, a resposta correta será ‘para cheirar’. Mais tarde, elas descobrem que há uma função ainda mais importante – a de proteção contra doenças nos pulmões e nas vias respiratórias, através do aquecimento e humedecimento do ar que respiramos.
Mas nem todos nós respiramos ar em condições iguais. No hemisfério norte está muito mais frio do que no hemisfério sul e há, com certeza, países e cidades muito mais húmidos do que outros. Por isto mesmo, muitos investigadores foram-se dedicando ao estudo da possível relação entre as formas dos narizes e as condições do ar e, até agora, já conseguiram encontrar algumas provas de que ela existe. Um novo estudo, publicado agora na revista Plos Genetics, descobriu que a forma dos nossos narizes tem a ver com o clima onde os nosso ancestrais viveram.
Os investigadores descobriram que existem diferenças na largura das narinas e na base do nariz entre populações e que essas diferenças se explicavam não só pela derivação genética, mas também pela seleção natural – onde o clima do local intervém. As conclusões indicaram que quanto maiores são as temperaturas e a humidade absoluta de uma região, mais largas são as narinas. Os narizes mais estreitos, por outro lado, são próprios de climas mais frios e secos.
Em 1800, Arthur Thompson já tinha avançado com estas hipóteses, mas, até este estudo, nunca tinha sido possível provar com medições reais em seres humanos, referiu Mark D. Shriver, um dos investigadores.
Shriver diz que estes traços muito provavelmente se explicam através das diferentes necessidades dos narizes, por estarem em climas distintos. As narinas mais estreitas tendem a alterar o fluxo do ar, de forma a que o muco de dentro consiga, de forma mais eficaz, humidificar e aquecer o ar – uma característica mais necessária em climas frios e secos. Por ser mais eficaz, tornou-se numa característica predominante, levando a um decréscimo gradual da largura do nariz nas populações que vivem longe do equador.
Para além das diferenças entre populações, o estudo também verificou uma diferença já conhecida entre sexos: os homens tendem a ter o nariz mais largo do que as mulheres.