É já um cliché dizer que andar de avião é muito mais seguro do que de automóvel. E isso é verdade, quando estamos a falar de aviação comercial: só um voo em cada três milhões acaba em desastre com vítimas mortais.
As estatísticas internacionais mostram mesmo que é 100 vezes mais provável morrermos na estrada. Mas a situação não é tão clara com a aviação privada. Mesmo não sendo fácil comparar a taxa de mortalidade de pequenos aviões e ultraleves com a dos carros, há alguns indicadores que, apesar das nuances, dão pistas sobre a perigosidade de voar.
Por exemplo, em 2015 houve 28 acidentes aéreos em Portugal (nenhum com grandes aviões), de que resultaram 8 mortos e 11 feridos graves. Tendo em conta os 1062 aviões, ultraleves e planadores registados no País, isto dá uma vítima mortal por cada 133 aparelhos. Já os 478 mortos (e 2206 feridos graves) nos 122 800 desastres nas estradas nacionais traduzem-se num morto por 12 552 carros, atendendo aos cerca de seis milhões de veículos do parque automóvel português. Ou seja, com estes fatores – que não são lineares, uma vez que não se comparam quilómetros percorridos nem número de passageiros – calcularíamos que a probabilidade de se morrer num avião é 94 vezes maior do que num carro. Por outro lado, um estudo nos EUA, baseado em estatísticas de 2013, revelou que é 19 vezes mais arriscado voar na aviação privada do que andar de automóvel – há 21 mortes por cada 2 milhões de horas de voo contra 1,1 mortes por igual período atrás (ou ao lado) de um volante. Mas, se o critério for os quilómetros percorridos, a fatalidade destes aviões já é seis vezes inferior à dos carros.