Por aqui passaram futebolistas como Nuno Gomes e Mantorras, atores como Sofia Arruda e Ricardo Carriço – e muitos anónimos. Como aqueles que ainda agora fizeram questão de deixar croissants trazidos de propósito do Porto para alimentar os voluntários.
Apesar do esforço e do cansaço, Fernando Pinho, mentor da iniciativa, só tem sorrisos para entregar. Porque a ideia é dele – e já deu frutos. Junto à televisão, que mostra incessantemente um vídeo com imagens de crianças doentes num hospital de Myanmar onde as camas nem sequer têm lençóis, está agora a cópia aumentada de um cheque de três mil euros, a quantia angariada nas lojas do freeshop. Durante o dia veio uma equipa de triatlo que contribuiu com 150 euros.
Tudo somado, Fernando Pinho pode já garantir que vai atingir o objetivo: 45 mil euros. Com eles poderá salvar muitas das três mil crianças do Myanmar que têm cancro e não conseguem sequer chegar ao hospital porque a viagem leva dias e custa um dinheiro que uma economia ainda baseada em trocas diretas não tem.
No final da noite, Amélia, a filha de Fernando que deu nome ao projeto, há-de receber um avião de brincar, trazido por uma das apoiantes da iniciativa. Amélia só tem 3 anos, mas já sabe a lição de cor: “O pai está no Myanmar a ajudar crianças doentes”. Assim lhe foi explicada a ausência prolongada de pai.
Com um projeto que leva o nome da filha. Em nome do irmão, que teve cancro aos 11 anos, mas tinha direito a punções lombares com anestesia-geral, enquanto os bebés do Myanmar têm de ser agarrados por cinco adultos enquanto estrebucham de dores.
Os tratamentos do cancro infantil são eficazes em 80 a 90% dos casos, mas estão apenas acessíveis a 10% das crianças do Myanmar. O Projeto Amelia poderá mudar muitos desses finais infelizes.