![Beatriz](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8841301Beatriz.jpeg)
Beatriz
Beatriz gosta de dizer que tem dois amores: a música e futebol.
Com um sorriso tímido acrescenta que viveu mais de metade da vida ao som do violoncelo e ao ritmo da bola,que gosta de ver rolar no relvado.
Beatriz acredita que, às vezes,corre em campo ao som do violoncelo e toca o instrumento com a mesma garra com que remata à baliza.
Além da música e do futebol ainda estuda. Não quer por agora, deixar de lado nenhuma destas paixões .
Aos 17 anos, Beatriz Correia acredita que se fosse rapaz e tivesse treinos como no futebol masculino seria melhor jogadora e poderia estar já a jogar, numa equipa de topo.
Não são palavras de arrogância. Pelo contrário.
O que Beatriz quer realçar é a falta de investimento no futebol feminino, que em Portugal é considerado uma actividade amadora e que muitas vezes limita o crescimento das atletas.
Até à bem pouco tempo treinou em equipas mistas porque acreditava que só assim poderia ser uma futebolista mais completa do que se treinasse apenas com raparigas.
As meninas garantem assim, a possibilidade de puderem ter treinos mais puxados e participar em mais campeonatos e torneios.
Beatriz já esteve a um passo de ir para os Estados Unidos com uma bolsa de estudos e jogar futebol.
Não perde um jogo da selecção feminina de futebol. E os treinos também. Sabe de cor os nomes das jogadoras e diz que ao fechar os olhos consegue ver-se com a camisola das quinas vestida.
O tempo dirá que futuro lhe está reservado.
Não sabe se algum dia será convocada mas, por agora entrega-se de corpo e alma ao Belenenses onde treina três vezes por semana e nos jogos, corre pela subida da equipa a outros patamares de competição.
Às nove da noite, com chuva, frio ou calor lá está no campo de treino com jovens da mesma idade e outras já mães de família.
Na sua maioria, as mulheres que jogam futebol pagam do seu próprio bolso aos idas treino e aos muitos jogos de fim de semana. É certo que alguns clubes ajudam com despesas de transporte e algumas refeições.
As futebolistas portuguesas têm muitas coisas em comum. Trocaram as barbies pela bola, as sapatilhas do ballet pelas chuteiras, os vestidos pelos equipamentos.
Algumas tiveram uma dura luta para que a família aceitasse este amor pelo futebol.
Aos 9 anos, essa foi a escolha da Margarida, Madalena e Joana.
![Margarida e Madalena](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8841303Margarida-e-Madalena.jpeg)
Margarida e Madalena
No campo do Linda a Velha, Madalena ainda não sabe que o futebol já lhe trouxe mais do que os golos ou o correr atrás da bola. Driblou a timidez,ganhou autoconfiança e mostra-se mais lutadora.
As cores rosadas no rosto são a prova de que deu tudo em campo. É assim também com a Margarida que corre veloz pelo campo e que luta com os meninos, de igual para igual,pela posse da bola. Sente-se dona e senhora da bola.
Joana tem os traços de uma princesa e os olhos curiosos de quem precisa saber tudo sobre a bola e as jogadas.
![Joana](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8841302Joana.jpeg)
Joana
Os longos loiros esvoaçam pelo campo de treinos do Estoril-Praia. É a única menina entre rapazes mas eles nem parece dar por isso. É uma jogadora como eles.
O mister diz dela que tem futuro. Do futuro, Joana diz que passará pelo futebol.
No presente, a bola é tudo o que Joana quer, apenas por pura felicidade.
Não perca a Grande Reportagem “A Menina joga”, esta quinta-feira, dia 31 de Março, no Jornal da Noite da SIC.