Segundo o médico de Boston que acompanhou os dois doentes, o vírus da sida tornou-se indetetável cerca de oito meses depois do transplante. Ambos continuaram a fazer terapia antiretroviral até à primavera deste ano.
“O regresso a níveis detetáveis de VIH nos nossos pacientes é desapontante, mas significativo a nível científico”, declarou Timothy Henrich. “Provámos que o VIH pode ser reduzido a níveis indetetáveis mas que o vírus persiste”, provavelmente fora da circulação sanguínea.
Num dos casos, o vírus tornou-se detetável em agosto, 12 semanas depois de terminar os antiretrovirais. Noutro, o regresso a níveis detetáveis aconteceu este mês, 32 semanas depois do fim da terapia antiretroviral.
“Através desta investigação descobrimos que o reservatório do VIH está mais enraizado e é mais persistente do que se julgava e que os nossos padrões atuais de testar o VIH podem não ser suficientes para nos informar se é possível uma remissão a longo prazo do VIH se se interromper a terapia antiretroviral”, acrescentou o médico responsável.
Daniel K. Kuritzkes, outro investigador ligado ao caso, corrobora que esta é a prova que o vírus da sida pode persistir no organismo mesmo sem qualquer sinal no sangue.
Em julho, quando os casos foram anunciados numa conferência na Malásia, os especialistas estavam ainda relutantes em falar em cura e reconheciam que o tratamento – o transplante de medula – não era viável para a larga maioria dos seropositivos.
Ambos tinham recebido um diagnóstico de linfoma e submeteram-se a intensos tratamentos de quimioterapia antes do transplante, mantendo então os tratamentos antiretrovirais. Cerca de quatro meses depois do transplante, o VIH ainda era detetável no sangue, mas seis e nove meses depois, todos os vestígias do vírus tinham desaparecido.
Os dois homens retomaram os antiretrovirais assim que o vírus voltou a ser detetado nas análises que efetuavam a cada sete ou dez dias e encontram-se bem de saúde.