Antes da sessão de terça-feira, o advogado de defesa David Touger informou o juiz Daniel Fitzgerald da indisponibilidade de Seabra para voltar a tribunal, e no final disse aos jornalistas que o réu diz que “só à força” volta ao tribunal.
Seabra, que veio da prisão de Rikers Island, manteve-se na cela do tribunal de Nova Iorque, depois de ser dispensado pelo juiz, segundo o advogado. O jovem abandonou o julgamento a 14 de novembro alegando estar demasiado cansado para assistir aos procedimentos, devido ao efeito de medicamentos.
Na sessão anterior, falou alto dentro da sala de tribunal, levando o juiz a admoestá-lo e ameaçá-lo de expulsão, caso repetisse o comportamento. O julgamento do homicídio de 7 de janeiro de 2011 prosseguiu hoje, depois de uma paragem de uma semana, para audição daquele que deverá ser o último especialista ouvido, o psiquiatra Roger Harris, chamado pela defesa.
Harris, que sustenta que os problemas mentais de Seabra o impediram de ter consciência dos seus atos e como tal retiram-lhe responsabilidade criminal, foi questionado pela procuradora Maxine Rosenthal, que chamou atenção para contradições entre o relatório do especialista, e as notas que tomou durante a entrevista ao jovem.
Rosenthal procurou demonstrar que a alegada tentativa de suicídio de Seabra depois do crime demonstra consciência do crime e culpa, mas o psiquiatra defendeu que é incerto o que o réu tentou fazer. “Assumindo-se que o que ele fez aos pulsos foi uma tentativa de matar-se – o que não é claro que é o que representa – então é possível que isso tenha sido um reconhecimento momentâneo de que o que fez tinha sido errado”, disse Harris.
As várias declarações feitas por Seabra sobre o sucedido são inconsistentes, adiantou, mas o homicida pode não ter “capacidade de reconstruir o que fez durante aquele homicídio brutal”. Contudo, defendeu, o relato mais fiável é o feito na unidade psiquiátrica em que esteve internado nos primeiros meses após o crime, Bellevue, “de que não estava a tentar matar-se, e que (cortar os pulsos) foi um instinto animal”.
Escudando-se em relatórios de médicos que avaliaram o jovem em três unidades psiquiátricas, a defesa afirma que na altura do crime, o jovem “estava em pensamento delirante, num episódio maníaco e desordem bipolar com características psicóticas graves” e, como tal, não deve ser considerado culpado.
Aponta ainda para a natureza brutal das agressões, incluindo mutilações genitais da vítima, como prova de que Seabra estava sob efeito de uma psicose, tal como o facto de ter relatado a dois psicólogos ter obedecido a “vozes” dentro da sua cabeça, nomeadamente durante a mutilação.
A acusação defende que Seabra estava consciente e que, a haver psicose, esta terá sido desencadeada pelo crime em si, alegando mesmo que o jovem terá exagerado e fingido sintomas para se declarar em tribunal não culpado por razão de insanidade mental. Não está prevista a audiência de mais testemunhas ou especialistas depois de Harris, devendo o julgamento partir para as alegações finais.
A conclusão, que poderá ter lugar no final da semana, será a deliberação dos jurados e a leitura da sentença pelo juiz.