SIGA PARA O ROTEIRO…
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Quando o assunto é História em estado puro, todo o cuidado é pouco. Durante mais de três décadas, o trabalho dos arqueólogos em Conímbriga fez-se, por isso, longe dos olhares curiosos. Mas em 2006, quando foi revelado o resultado de tão minuciosa pesquisa, tudo mudou. “O público aprecia ver o que está a ser feito, mais até do que aquilo que já está revelado”, justifica Virgílio Correia, o director do Museu e Ruínas de Conímbriga.
A descoberto ficaram também achados em magnífico estado de preservação, com destaque para a Casa dos Repuxos, e especialmente os vários mosaicos que ornamentam o chão, não apenas dentro mas também fora das muralhas.
Aos poucos, Conímbriga revela-se uma das maiores povoações romanas de que há vestígios em Portugal e a estação arqueológica mais estudada do País. Monumento nacional desde 1910, a urbe fez por justificar o interesse histórico.
Os primeiros vestígios de vida em Conímbriga – cujo nome terá origem no radical Kºn, que significa “alto pedregoso” e a que os celtas acrescentaram “briga”, cujo sentido é “num alto” ou “fortificado” – remontam ao século X a.C., nos finais da Idade do Bronze. Mas foi após a ocupação romana, durante as campanhas de Décio Júnio Bruto, em 139 a.C., que a cidade viveu o seu período áureo. No tempo do imperador Augusto, no século I, a prosperidade foi notória e teve reflexos a vários níveis, nomeadamente urbanísticos, com a edificação de imponentes residências e monumentos, das termas públicas e do fórum, todas elas servidas por uma escola local de mosaicistas. De resto, é a beleza dos desenhos e o magnífico estado de preservação de muitos destes mosaicos que mais surpreende os actuais visitantes.
Nos finais do século IV, coincidindo com o declínio do Império Romano, teve início a construção da cintura muralhada da cidade, com mais de 1,5 km de extensão, antecipando já as Invasões Bárbaras. Mas nem isso travou os Suevos, que em 465 e 468 pilharam e destruíram parte
da urbe. Foi o fim dos tempos florescentes e o início do abandono de Conímbriga.
A recuperação das ruínas vai agora estender-se até Condeixa-a-Velha, onde se encontram alguns dos monumentos mais bem conservados, sobretudo o anfiteatro.
Prospecção sistemática é o que não tem faltado na Citânia de Briteiros, a 15 km de Guimarães. Nem visitantes. Descoberta há mais de 130 anos, preserva vestígios da romanização, datada do século I a.C., como as inscrições latinas, fragmentos de cerâmica, vidros e moedas. Mas o edificado não esconde a influência celta. Abandonada no século III, foi a capital política dos Callaeci Bracari no início do século I, e onde, na casa grande circular, se reunia o consilium gentis. Entre os ex libris mais importantes está o balneário, uma pequena câmara redonda ligada a um recinto quadrangular que servia para os banhos a vapor e de água fria.
>> Onde dormir
- Hotel Astória, Coimbra. Inaugurado em 1926, muitos quartos têm vista para o Mondego. Duplo, desde €55. Tel. 239 853 020.
- Pousada de Santa Marinha, Guimarães. A recuperação do Mosteiro dos Agostinhos (séc. XII) valeu-lhe o Prémio Nacional de Arquitectura, em 1985. Duplos, desde €120. Tel. 253 511 249.
- Hotel M’Ar de Ar Aqueduto, Évora Em pleno centro histórico, junto do Aqueduto da Água de Prata, o antigo Palácio dos Sepúlveda (séc. XV) conserva a capela, os tectos em abóbada e as três janelas manuelinas da fachada. Duplo desde €150. Tel. 266 739 300.
- Quinta do Barrieiro, Marvão O xisto e a paisagem verdejante que envolve a propriedade contrastam com a aridez do Alentejo. Às casas campestres junta-se o ateliê a céu aberto da proprietária. Duplo, desde €80. Tel. 96 405 4935.
>> Mais sugestões
- Cividade de Bagunte (Vila do Conde) Povoação com 800 casas, onde terão vivido cerca de 4 mil pessoas, protegidas por muralhas.
- Cividade de Terroso (Póvoa de Varzim) A povoação dedicava-se à pesca, e nas ruínas persistem os vestígios das estruturas que serviam para a salga do peixe.
- Ponte de Trajano (Chaves) O mais importante legado na antiga Aquae Flaviae.
- Torre Centum Cellas (Belmonte) Do séc. I, terá sido uma prisão com 100 celas.
>> PARA LER
‘Roma Sub Rosa’
Steven Saylor
Este título genérico abrange toda a série de thrillers (traduzidos para português) cuja acção decorre nos tempos da antiga Roma e que se lêem de forma quase compulsiva