SIGA PARA O ROTEIRO…
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- … PALEOLÍTICO: Enigmas na rocha
Foi nos pedregulhos do vale onde encaixa o rio Côa, em Vila Nova de Foz Côa, que o Homem do Paleolítico Superior carimbou a sua arte. Com seixos afiados de quartzo ou de sílex, ele desenhou vários animais como representação das suas vivências diárias ou das suas necessidades espirituais.
As gravuras que subsistiram até hoje têm entre 25 e 10 mil anos e constituem o maior conjunto mundial de arte paleolítica ao ar livre. Daí, o Parque Arqueológico do Côa ser Património da Humanidade.
A descida à Canada do Inferno faz-se normalmente debaixo de um sol quente e ao som do canto das cigarras. Foi mesmo junto ao rio que o Homem ousou desafiar a rudeza do xisto. Martelou em superfícies verticais até ver surgir, com maior ou menor realismo, contornos de cavalos, auroques, cabras e cervídeos. Completou depois o trabalho com traços que deixam perceber lanças ou flechas cravadas no peito. Noutro painel, delineou dois cavalos e, com uma profusão de linhas finíssimas, uma cabra, actual símbolo do Parque. Bem no cimo da escarpa, na outra margem, um eucalipto solitário lembra a altura prevista para a barragem que iria alagar o vale, se as obras não tivessem sido travadas a tempo, no final de 1995, após uma grande campanha cívica cujo slogan mais conhecido foi “As gravuras mão sabem nadar”.
As rochas da Ribeira de Piscos escondem a única figura humana visitável de todo o complexo. Situado em vale aberto, o núcleo da Penascosa inclui a gravura de um salmonídeo e a rocha com maior densidade de gravuras, num total de 12 figuras de animais.
Os percursos de visita possíveis incluem a Canada do Inferno, a Penascosa e a Ribeira de Piscos. Mas atenção: são sempre exigidas marcações com três dias de antecedência por telefone (279 768 260/1; 966 828 444) ou e-mail (visitas.pavc@igespar.pt).
Galopa, cavalinho!
Não muito longe, em Freixo de Espada à Cinta, ficam as gravuras rupestres de Mazouco (2). A mais nítida é a de um cavalo selvagem – o célebre “Cavalo de Mazouco”.
Para não perder a mão, o leitor interessado pelo passado distante pode ainda dar um salto à região de Oliveira de Frades e apreciar a anta pintada de Antelas, um dos mais valiosos monumentos megalíticos existentes em Portugal.
>> Onde dormir
- Casa da Cisterna, Castelo Rodrigo
Apesar das fachadas de pedra não revestida, as casas rústicas garantem uma estada bem mais confortável do que as (para nós) inóspitas grutas paleolíticas. Duplo, desde €75.
Tel. 271 313 515.
- Quinta do Salgueiro, Freixo de Espada à Cinta
A anfitriã do palacete, em pleno Parque Natural Internacional do Douro, é descendente de um dos mais importantes escritores portugueses, Guerra Junqueiro Duplo, desde €75. Tel. 279 652 007.
>> Mais sugestões
- Gravuras do Tejo (Fratel) A barragem do Fratel submergiu 30 mil desenhos, mas os que sobrevivem estão bem visíveis.
- Cromeleque dos Almendres (Évora) Considerados os mais importantes da Península, são mais de uma centena de monólitos alinhados no campo.
- Menir de Aspradantes (Vila do Bispo) Apesar dos seus mais de dois metros de altura, o topo, de calcário branco, foi amputado não se sabe quando nem por quem.
- Menires de Lavajo (Alcoutim) Do conjunto de três monólitos faz parte o maior do País, com 3,14 m de altura, datado do Neolítico final, por volta de 2800 a.C.
- Menir de São Paio de Antas (Esposende) No Alto do Monte, entre os eucaliptos, encontra-se um monumento monolítico em perfeito estado de conservação.
>> PARA LER
‘A Guerra do Fogo’
J.H. Rosny-Aîné
Publicado originalmente em 1911 e com edição portuguesa recente, este livro encantatório que inspirou o filme homónimo de Jean-Jacques Annaud descreve como era a vida da Humanidade durante o que autor designa por “épocas ferozes”