“Nos últimos dias, explodiu completamente. Não paro de responder a mensagens, mas sei que é um ótimo sinal, porque estou a convencer as pessoas a irem votar”, é assim que Vasco Galhardo, de 25 anos, fala de como tem corrido o seu projeto Eu Voto, lançado a 10 de dezembro de 2020, e que pretende motivar os mais novos a votar nas próximas eleições presidenciais, que decorrem a 24 de janeiro.
Com a ajuda de um amigo, Diogo Marques, o jovem, licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais, decidiu criar uma plataforma interativa que integra todas as informações necessárias sobre os candidatos à Presidência da República de forma simples, esclarecedora e, fundamentalmente, descomplicada, para que os mais jovens votem de maneira informada e consciente.
Em Portugal, a faixa etária dos 18 aos 30 anos é a que menos vota nas eleições, principalmente porque está desinteressada e, consequentemente, desinformada em relação à política. “A partir dos meus 16 anos, comecei a interessar-me muito por política e comecei a perceber que, à minha volta, os meus amigos não se interessavam minimamente pela área, não faziam ideia de quem estava a concorrer numa determinada eleição, qual era a diferença entre a esquerda e a direita, entre Presidente da República e primeiro-ministro…”, conta.
O fundador do projeto atribui parte da culpa da abstenção dos mais novos aos próprios políticos, referindo que muitos deles não comunicam diretamente para os jovens. “Por outro lado, também acho que a informação que passa não é muito apelativa. Comecei a perceber que era importante fazer alguma coisa para aproximar mais os jovens da política. Então, pensei que em Portugal também devia existir uma plataforma como esta, que já existe noutros países”, explica.
Além disso, Vasco Galhardo acredita que a escola também devia ter, desde cedo, um papel mais ativo no conhecimento sobre política. “Não se fala a fundo dos partidos, do que cada um representa…Acho que parte desse trabalho devia começar na escola”, defende o jovem.
“Se nós agora já não votamos, como será daqui a uns anos quando formos apenas nós a votar?”
Apenas com um mês de vida, o projeto tem já quase 16 mil seguidores no Instagram, a rede social de eleição dos jovens. “O instagram é o principal motor do projeto, e temos várias figuras públicas a partilhá-lo por vontade própria, nós nem pedimos”, conta Vasco, que acredita ser este o caminho para fazer com que os jovens se voltem a aproximar da política e para que façam ouvir a sua voz. “Se nós agora já não votamos, como será daqui a uns anos quando formos apenas nós a votar?”, pergunta.
Nas últimas duas eleições presidenciais, as percentagens de abstenção foram acima dos 50%, segundo dados divulgados pelo PORDATA, o que significa que mais de metade dos eleitores não escolheu os dois últimos Presidentes da República. “Pretendemos precisamente baixar os números monstruosos da abstenção que temos tido nas eleições. Queremos que as pessoas votem, seja em quem for, mesmo que seja em branco. Mas a abstenção não é a solução”, salienta Vasco Galhardo.
O Eu Voto é o primeiro projeto digital apoiado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE). No seu comunicado oficial, a CNE afirma que o apoio surge precisamente pela “utilidade deste projeto no nosso atual momento, caracterizado por uma preocupante abstenção”.