Casa cheia. O comício do Bloco de Esquerda, esta noite, no Auditório da Universidade Nova, em Lisboa, deixou à porta as más notícias que, nos últimos dias (incluindo hoje), chegaram com as sondagens à caixa de correio do partido – e apontam como estando em risco o estatuto do Bloco como terceira força política mais votada nas Legislativas (com a subida das intenções de voto no Chega e Iniciativa Liberal).
A (quase) exclusividade dos discursos apontou, por isso, à direita: um ataque aos programas eleitorais dos partidos de André Ventura e João Cotrim Figueiredo. Economia, saúde e educação… nada escapou ao escrutínio dos candidatos bloquistas que subiram ao palanque. Destaque, para a cabeça de lista do BE por Lisboa, Mariana Mortágua, que não foi de modas: e voltou a colocar no mesmo saco as propostas liberais de Chega e IL (que descreveu como um ataque ao País e ao povo). Com muita ironia pelo meio…
Catarina Martins congratula-se por ter acabado com “delírio” da maioria de Costa e defende “contrato” do BE para o País
Momento alto, pois claro, a intervenção da líder Catarina Martins. A coordenadora do BE manifestou “orgulho na campanha” realizada, e confiança num resultado final positivo. O mesmo é dizer: conseguir afastar a direita do poder. A solução? “Votar BE”, garante.
Catarina Martins disparou à direita; mas, neste caso, também não se esqueceu… do PS e de António Costa – congratulando-se mesmo por ter “enterrado” o que designou de “delírio” da maioria absoluta socialista. “Que grande volta deu o PS nesta campanha”, afirmou.
Agora, o objetivo é, precisamente, recomeçar de onde se ficou. A Geringonça parece “morta e enterrada”, mas o “contrato” para o País – um nome diferente para a mesma receita? –, esse, “não pode esperar mais”, diz. E se tudo correr como Catarina Martins deseja, segunda-feira, dia 31, haverá mesmo reunião entre PS e BE.
“Nesta campanha, só tivemos uma palavra, que é a nossa palavra desde 2015. Foi a nossa palavra em 2019 e foi a nossa palavra em 2021. Saímos da troika e da austeridade para fazer outro País. E esse País só pode assentar num contrato claro, num contrato de fé, que responda pelo trabalho e pelos serviços públicos. Orgulho-me de ter enterrado o delírio da maioria absoluta de António Costa, em nome deste contrato. Orgulho-me de ter ouvido o Primeiro-ministro a dizer que voltará ao diálogo para este contrato (…) e lá estaremos na reunião da segunda-feira que vem”, afirmou Catarina Martins.
A fechar o comício (muito animado), a líder do Bloco apelou ao voto. Desta vez, não ignorou as sondagens, e pediu a que, no domingo, “todos se mobilizem”, e acorram às urnas. “As sondagens dão o BE empatado, no terceiro lugar, com a extrema-direita. No domingo, que ninguém fique casa. Vamos ganhar a André Ventura! Vamos votar! Vamos derrotar a extrema-direita! Vamos votar no Bloco de Esquerda!”, afirmou, entre um mar de bandeiras coloridas a dançar.