O deputado social André Coelho Lima acredita que o mecanismo de verificação de nomes para o Governo, proposto pelo primeiro-ministro ao Presidente da República, na sequência das demissões da última semana, só peca por tardio. “É incompreensível Costa confessar que não tinha mecanismos de verificação” de governantes, disse o ex “vice” de Rui Rio, em entrevista ao Irrevogável (programa de entrevistas da VISÃO), esta segunda-feira.
Foram 12 saídas em nove meses – números e casos que o parlamentar social democrata considera “muito significativos” e “anormais”, especialmente “em circunstâncias como as das últimas saídas, que envolveram dinheiro e indemnizações muito avultadas, numa altura em que o povo passa grandes dificuldades”. “Quando há uma derrapagem moral como esta, a demarcação tem de ser óbvia”, defendeu Coelho Lima, elogiando a postura de Marcelo Rebelo de Sousa, que não leu como critica de uma possível falta de alternativa governativa, e explicando que a posição do PSD se quis de responsabilidade.
É esta a justificação que apresenta também para a abstenção na moção de censura ao Governo, apresentada pela IL, insistindo que, mesmo que o seu partido votasse favoravelmente, o resultado não seria diferente. Sobre o sinal que o PSD passa para os portugueses acabou por admitir que pode não ter sido o mais eficiente.
“Eu sou deputado do PSD e esta matéria [a moção de censura] é de disciplina de voto. Cumpri a disciplina de voto; fiz o que tinha de fazer”, diz, acrescentando, quando questionado sobre o que faria se não se impusesse a disciplina de voto, que “estamos a falar de cenários de outra democracia que não a nossa”.
Revisão Constitucional. “O PS não demonstra grande abertura para o debate”
Escolhido pelo partido como coordenador da Comissão Eventual para a Revisão Constitucional, inaugurada na semana passada, André Coelho Lima lança um apelo aos socialistas para deixarem o “Parlamento funcionar como deve”, depois de o partido se ter manifestado irredutível para fazer alterações na lei eleitoral ou na duração dos mandatos presidências (como propõe o PSD).
“O PS não demonstra grande abertura para o debate”, lamentou, lembrando que sem o acordo destes dois partidos não haverá revisão constitucional possível. Mesmo assim, o deputado não condena à partida a discussão, que começou a acompanhar ainda durante a liderança de Rui Rio e pela qual continuará a dar a cara com o novo projeto de Luís Montenegro, que aceitou o repto do Chega para apresentar uma iniciativa parlamentar.