Ainda não passou uma semana desde que Luís Montenegro foi entronizado líder do PSD e Pedro Reis anunciado como coordenador do prometido “Movimento Acreditar”, “uma plataforma estratégica para ir ao encontro das pessoas e nos reconectarmos com o país”, explica o segundo, em entrevista à VISÃO. A equipa por trás deste movimento está por aprovar, mas os objetivos ficam definidos: “pegar nas ideias” do partido, ir “testá-las com a sociedade” para depois traduzi-las no programa eleitoral do PSD para as Legislativas de 2026, que deverá estar pronto dentro de dois anos.
“A politica (não só a portuguesa) e os partidos (não só o PSD) há muitos anos que começaram a perder a proximidade com as pessoas”, diagnostica Pedro Reis, ex-presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, sugerindo que se foi perdendo “a qualidade dos agentes políticos, das propostas e a sensibilidade em relação à vida real”. E “quando é assim tão transversal toda a gente que anda na causa pública tem obrigação de pensar sobre o que se passa”, sob prejuízo de “darmos espaço aos populismos e à abstenção”.
A solução deste novo PSD e a razão de ser do “Acreditar” é “ir ao encontro das pessoas”. “Isso implica um programa intenso de irmos para o terreno ao longo dos próximos dois anos […] e temos de ver isto de forma moderna e democrática: o “Acreditar” tem também de viver espontaneamente de iniciativas que vão além das dos quadros do partido e do coordenador. Tem de estar no interior, nas principais cidades e no litoral; nas redes sociais e em encontros presenciais”, aponta, dizendo que a sua disponibilidade para acompanhar Montenegro nas já anunciadas jornadas a todos os distritos, a partir de setembro, só depende da vontade do novo presidente “laranja”.
“Vivemos numa arena de jogos e de criticas, Montenegro vem recolocar o foco nas pessoas. Não é tática, é o coração da estratégia deste PSD”, acredita.
Os resultados desta auscultação deverão depois traduzir-se em medidas concretas no programa eleitoral de 2026, sobre o qual Pedro Reis é parco em palavras, garantindo apenas que, nomeadamente na área da saúde, não haverá “preconceitos ideológicos”, valorizando-se sobretudo a qualidade dos serviços, sejam eles públicos, privados ou do sector social.
As mesmas reservas aplicam-se em relação à equipa que o acompanhará: “não perderemos tempo, mas não queimaremos tempo”, indica, fugindo à menção de nomes. Adiantou só que terá preocupações com a representação de mulheres também neste órgão, em linha com as intenções do presidente expressas numa conversa com a VISÃO esta semana, em que Montenegro defende que o partido precisa de ter mais dirigentes do sexo feminino. Para Pedro Reis, esta igualdade de circunstâncias entre os dois sexos “nunca pode ser considerada difícil, tem de ser possível – é fundamental ter mulheres nos lugares cimeiros de todas as instituições. O país e o PSD precisam de mais mulheres” e “se tiver que se forçar que se force” (com quotas).
No rescaldo do 40.º Congresso, que aconteceu entre 1 e 3 de julho no Porto, o social democrata considerou também que Montenegro “passou uma imagem de força, competência e complementaridade”, “de mobilização interna e ambição” na escolha da equipa que o acompanhará durante o mandato. “Acho que o partido e o país ambicionam isto”.
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