O Conselho de Jurisdição Nacional (CJN) do Chega decidiu expulsar por seis anos o ex-vereador do partido em Vila Verde (Braga), Fernando Feitor, mas defende que esta decisão impede, por igual período de tempo, que o autarca se desvincule do Chega, como o próprio anunciou ser sua intenção, ainda no início deste mês.
“Ao abrigo das normas Estatutárias e Regulamentares aplicáveis, vem o Conselho de Jurisdição Nacional, comunicar decisão relativa a processo disciplinar, respeitante ao militante n.º 2112, Fernando José Dantas da Silva, resultando como sanção a pena de expulsão pelo período de 6 anos , ficando assim suspenso o seu pedido de desfiliação apresentado a o partido via email, conforme previsto no RD artigo 14°”, lê-se no comunicado do CJN, datado de 13 de novembro.
A decisão deixou Fernando Silva (mais conhecido como Feitor) “estupefacto”, pois o autarca garante que o processo de desvinculação do Chega ficou concluído logo na primeira semana de novembro. “Enviei email para o partido, no passado dia 6, a comunicar a intenção de me desvincular do Chega e, em resposta, recebi, logo no dia seguinte, um email (ver imagem abaixo) que confirmava que o processo estava concluído, e que todas as minhas informações pessoais tinham sido retiradas da base de dados do partido. Não percebo agora isto…”, diz o vereador independente de Vila Verde.
À VISÃO, Fernando Feitor garante que a situação insólita “é contra a lei” e que, “oficialmente, já não existe nenhuma ligação” ao partido de André Ventura. “Esta decisão é como dar um tiro a um morto! É como ir chamar o padre para fazer o funeral do homem que já está enterrado!”, afirma.
Fernando Feitor diz que “esta situação prova que o Chega não é um partido de confiança” e alega que “muitos eleitores [do seu município] que pensavam votar no Chega e no André Ventura, nas próximas legislativas, por estas situações já não o vão fazer”.
“Esta situação só se explica com a vontade do partido de me querer prender, para que não me torne um adversário”, afirma Fernando Feitor. “O Chega tem medo que concorra numas próximas eleições, por outro partido ou como independente”, assegura. Mas há, de facto, essa hipóteses?, questionamos. “O meu objetivo, para já, é concluir o mandato para o qual os vilaverdenses me elegeram, e depois logo se verá…”, conclui.
Recorde-se que Fernando Feitor (na foto) foi eleito nas autárquicas de 2021, mas mantinha, há muito, um “braço-de-ferro” com os órgãos distritais e nacionais do Chega, tendo estado suspenso, pela Comissão de Ética do partido, por um período de 30 dias, em maio de 2022, depois de ter entrado em “choque” com a distrital de Braga e com o líder do Chega em Vila Verde, José Luís Moreira.
O processo disciplinar do CJN a Fernando Feitor tinha sido aberto na sequência de uma denúncia que “teve origem na participação efetuada pela distrital de Braga”, presidida pelo deputado Filipe Melo, na sequência de críticas do autarca de Vila Verde, publicadas no Semanário V, no passado mês de janeiro.