“Sem futuro não há paz”, repetia o grupo de ativistas pelo clima que invadiu a sessão de apresentação do Orçamento do Estado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e atingiu o ministro das Finanças com tinta verde, quando este iniciava o seu discurso. Fernando Medina reagiu com humor e disse: “Pelo menos sei que tenho uma apoiante em relação à subida do IUC”, o Imposto Único de Circulação, que aumentará para os carros anteriores a julho de 2007, e que tem sido alvo de muita contestação.
A jovem que atingiu o governante com uma bisnaga de tinta verde e os restantes elementos do grupo foram imediatamente retirados da sala por dois polícias e Medina prosseguiu com a apresentação, embora com dificuldades de concentração. Do lado de fora do auditório, a manifestação continuou e os jovens repetiam que “sem futuro não há paz”.
O protesto foi entretanto reclamado pelo movimento “Greve Climática Estudantil”, que, em comunicado, justificou a ação com a “recusa do Governo em fazer a transição justa que garante que temos um futuro”.
“Este orçamento é o espelho deste Governo: negacionista e criminoso. Estamos em plena crise climática, como é possível o principal foco deste orçamento não ser uma transição justa para energias renováveis? Isto é um crime contra o nosso futuro e a nossa vida”, argumentou Beatriz Xavier, porta voz do grupo que já prometeu continuar com esta onda de protestos e inclusivamente ocupar o ministério do Ambiente, em novembro.
Fernando Medina é o segundo ministro a ser atacado com tinta como forma de protesto em nome do clima. Duarte Cordeiro, com a pasta do Ambiente, foi atingido durante uma conferência da CNN, em Lisboa, no final do mês passado. Na altura, Duarte Cordeiro mostrou-se tranquilo com a forma de protesto, alertando, todavia, que o método escolhido não beneficiava a causa. “Estas formas de manifestação não resultam, fazem com que haja menos pessoas a apoiar esta causa”, disse então.