Seja qual for o desfecho das eleições internas no PSD, a 28 de maio, o posicionamento do partido exclusivamente ao centro, defendido por Rui Rio, parece ter os dias contados. Há seis anos fora do poder e sem perspetivas de que este cenário se altere nos próximos quatro, Luís Montenegro, o antigo líder parlamentar de Pedro Passos Coelho, e o antigo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, ambos críticos da atual direção, propõem-se a protagonizar uma abertura do partido aos militantes e à sociedade, reconquistando o espaço ocupado à sua direita pela Iniciativa Liberal e pelo Chega e endurecendo o tom na oposição ao PS.
O primeiro tem um percurso mais político e destacou-se em tempos adversos, liderando a bancada social-democrata durante a intervenção da Troika. O segundo, mais técnico, responde com um currículo extenso em projetos nacionais e internacionais e experiência em temas tão atuais como as alterações climáticas, energia, desenvolvimento sustentável e até na resposta à pandemia da Covid-19 e à guerra na Ucrânia, enquanto diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), cargo que deixou, na semana passada, para se poder candidatar à liderança “laranja”.