“Candidato-me à liderança do PSD pelo sentido de responsabilidade que 33 anos de militância exigem e animado pela firme convicção de que sou portador de um projeto capaz de renovar o PSD, libertar o potencial de Crescimento Sustentável em Portugal e assegurar que os portugueses reconquistam o seu pleno Direito ao Futuro”, prometeu o segundo candidato à liderança social democrata, esta quarta-feira, durante a apresentação das suas ideias, no parque florestal de Monsanto, “o pulmão de Lisboa”.
Apenas com a mulher, o filho mais velho e um amigo de longa data na fila da frente, por não querer aparecer com futuros apoiantes antes de enunciar as suas ideias, Jorge Moreira da Silva proferiu um discurso com 17 páginas, para evitar uma apresentação com “sound bites ou com abordagens superficiais”. E dedicou-se à defesa de um partido mais inovador, que quer liderar como uma “startup”, aberto a todos (aos militantes do PSD e à sociedade civil), unido, digital e com preocupações com a paridade e com o crescimento sustentável.
A sua ideia passa por “posicionar o PSD como o espaço amplo que une todos os reformistas e que agrega social-democratas e liberais-sociais”, comprometendo-se a atualizar as linhas programáticas do PSD e a clarificar o relacionamento com os outros partidos. Ao PS diz que encontrará nele “um adversário energético”, “criativo” e no partido, “mais do que uma mera oposição, uma alternativa”. “Constituirei um verdadeiro governo sombra”, explicou, acrescentando que apresentará nomes para este “governo” logo no congresso depois da eleição e que contará com pessoas que não o apoiem nesta fase. Em resposta aos jornalistas, recusou-se a dizer que cargo poderia ter Luís Montenegro nesta ideia, mas não deixou de garantir que pertende contar com o adversário e que este “terá o papel que quiser”.
Jorge Moreira da Silva, 50 anos, é o segundo social democrata a candidatar-se à presidência do PSD, depois do antigo líder parlamentar de Passos, Luís Montenegro, por quem disse ter estima e amizade, durante a apresentação. O ex-ministro do Ambiente de Passos Coelho, foi líder da Juventude Social Democrática entre 1995 e 1998, deputado, eurodeputado, secretário de Estado da Ciência e Ensino Superior no Governo de Durão Barroso e vice-presidente do partido durante a liderança de Passos Coelho. Atualmente, é presidente do “think-tank” Plataforma para o Crescimento Sustentável, que fundou há uma década, e era diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), cargo que ocupava desde 2016 e que deixou este mês para se candidatar à liderança “laranja”.
“Não entro a fazer contas nesta eleição. […] Nesta eleição, não há o bom e o mau, mas quem tem melhores condições para liderar o partido”
— Jorge Moreira da Silva
Durante a campanha, que apela a que aconteça sempre “pela positiva”, Moreira da Silva irá fazer sessões de esclarecimento para os militantes espalhados pelo país e usar as redes sociais para difundir as suas ideias. Método que quer manter se chegar a líder do PSD: “estarei nas escolas, na rua, nas fábricas, nas universidades, nas ONG`s….”.
Os compromissos de Moreira da Silva:
– Atualizar as linhas programáticas do PSD;
– Modernizar o partido e orientá-lo pelas causas;
– Liderar uma oposição “firme, inconformada e criativa”;
– Unir o partido;
– Liderar reformas para “reconquistar o Direito ao Futuro”, tendo em vista a resposta a desafios globais como as alterações climáticas, a extinção de biodiversidade, a pobreza e as desigualdades, os conflitos e as migrações forçadas;
Para além destes compromissos, o engenheiro de Vila Nova de Famalicão estabeleceu como meta colocar Portugal, até 2030, “no top3 do ranking do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (hoje estamos na 27.ª posição), no top3 do Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (hoje estamos na 38ª posição), no top 3 do Índice de Bem-Estar da OCDE (hoje estamos na 31.ª posição se, neste índice dinâmico atribuirmos o mesmo peso aos várias dimensões em análise) e acima da média europeia no PIB per capita (hoje estamos na 22.ª posição)”.
E, como se candidata com o objetivo claro de chegar a primeiro-ministro em 2026, delineou ainda 17 objetivos para o país, para os quais quer começar já a contribuir enquanto líder da oposição. São eles a modernização do Estado; a defesa da democracia e da cidadania; o combate à corrupção e a melhoria da confiança na justiça; a digitalização; o combate às alterações climáticas; a proteção da biodiversidade, do oceano e a valorização da economia azul; o combate às desigualdades sociais e da crise demográfica; assegurar a sustentabilidade das cidades; o aumento da produtividade e competitividade; a regulação do trabalho e criação dos empregos do futuro; reduzir a divida e promover a cooperação internacional.
Questionado pelos jornalistas, Moreira da Silva admitiu que tem recebido telefonemas de sociais democratas a darem-lhe apoio e até promessas de filiação no partido, mas prefere não concentrar o discurso da candidatura nisso, garantindo, no entanto, que, se for eleito, todos (os que o apoiam e que apoiam Montenegro) terão lugar nos órgãos do partido e nas listas. O facto de não estar no Parlamento não o preocupa, dando como exemplo as lideranças de Marcelo Rebelo de Sousa e de Pedro Passos Coelho, e tecendo elogios ao atual líder da bancada parlamentar, Paulo Mota Pinto, embora não se tenha comprometido com a sua permanência, no caso de conquistar o partido a 28 de maio.