Entre todos os militantes socialistas, António Costa escolheu “agradecer de forma muito especial” a segunda maioria absoluta da história do PS ao seu secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e diretor de campanha. Duarte Cordeiro, 42 anos, foi uma espécie de obreiro do milagre dos 42%, que, nem internamente, se acreditava possível, na reta final da campanha. Planeou minuciosamente os caminhos da caravana socialista e estacionou onde tinha previsto na sexta-feira anterior ao início da campanha eleitoral; quando chamou os jornalistas ao Largo do Rato para explicar, passo por passo, a estratégia que levaria o partido à maioria absoluta.
Não é novo nestas andanças. Entre os delfins de Costa, é aquele que o primeiro-ministro tem vindo a chamar consecutivamente para definir o rumo das campanhas eleitorais, desde que Duarte Cordeiro coordenou a sua candidatura à Câmara de Lisboa, em 2013, e o apoiou muito ativamente nas primárias de setembro de 2014, contra António José Seguro. Um ano depois, entrou mesmo na organização das legislativas de 2015 a meio da campanha numa tentativa de corrigir o cunho que o deputado Ascenso Simões tinha dado à mesma, com cartazes por város setores considerados “infelizes”, até do ponto de vista de muitos socialistas. O marketing parecia “embruxado” e todas as semanas saía uma notícia nova que deixava o PS mal na fotografia, desde um outdoor replicado de uma igreja evangélica a outro sobre o desemprego, em que uma “figurante” viria a dizer que nem era desempregada (trabalhava na Junta de Freguesia de Arroios), nem tinha dado autorização para que a sua imagem fosse utilizada.