Semblantes carregados, gritos de “vergonha” e promessas que a luta vai continuar. Foi assim que terminou, ao início da tarde desta quarta-feira, nova reunião entre sindicatos e associações socio-profissionais da polícia e o Governo para se discutir a atribuição de um subsídio de risco aos elementos da PSP e GNR. No encontro, realizado no Ministério da Administração Interna (MAI), o secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, Antero Luís, avançou com a proposta final do executivo: cerca de 100 euros de subsídio de risco para todos os escalões salariais – o que, na prática, representaria apenas um aumento de 68,96 euros no ordenado para polícias com funções de ronda e patrulha (que atualmente já recebem 31 euros mensais).
A proposta ficou muito aquém do esperado pelos polícias, que continuam a exigir os 430,39/mês, a exemplo do que recebem os funcionários da PJ e do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). E nem o passo atrás dado pelos polícias, com a proposta da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) e a Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) – que admite o pagamento faseado deste subsídio de risco até ao final da atual legislatura: 200 euros em 2022, 300 euros em 2023 e 430 euros em 2024 –, foi suficiente para que o Governo abrisse os cordões à bolsa.
César Nogueira, presidente da APG/GNR, confessou o “desalento” no final do encontro e admitiu que, “pela tutela, já não haverá grandes mudanças” em relação a este dossiê. Resta, agora, recorrer ao Parlamento. Em declarações à comunicação social, o dirigente afirmou que “tem de se pressionar os grupos parlamentares para que no Orçamento do Estado (OE) do próximo ano o valor não seja este”, confirmando o objetivo de se “chegar à meta dos 430,39 euros”, mesmo que de forma faseada e crescente, até ao final da atual legislatura. “Certo é que vamos manter a luta, e esperar que através dos outros partidos possamos chegar a um valor que consideramos justo e do qual não abdicamos”, disse César Nogueira – está em cima da mesa a possibilidade de ser marcada uma nova manifestação nacional depois do período de férias.
No Terreiro do Paço, estiveram presentes cerca de um centena de polícias, que desfilaram à volta dos ministérios da Administração Interna e das Finanças enquanto a reunião decorria. No final, a desilusão era geral. Para a próxima quarta-feira está agendado novo encontro entre os representantes dos polícias da PSP e GNR e do Governo.