Rui Gomes da Silva também já reagiu à notícia da VISÃO de que a sondagem da Aximage – que dava uma vantagem folgada a Luís Filipe Vieira na corrida à presidência do Benfica – teve a direção técnica de José Almeida Ribeiro, antigo informador de José Sócrates e conselheiro informal do presidente das águias. O candidato às eleições de outubro recorreu às redes sociais para estabelecer uma comparação com a série Narcos e escreveu mesmo que o caso serve como “alerta” para o “vale tudo dos agarrados ao poder”.
Na nota publicada na manhã desta terça-feira no Facebook, o antigo vice-presidente do clube da Luz utilizou a ideia de “supressão do eleitor” – termo que a Netflix adotou para se referir às eleições gerais do México de 1988, que terão sido manipuladas – para vincar que “mais de 30 anos depois, a tática continua válida: fabricam-se resultados eleitorais favoráveis a quem está no poder, de modo a desmotivar os eleitores do outro lado”.
De forma mais incisiva do que João Noronha Lopes fizera na véspera, Gomes da Silva sugere até que o conflito de interesses em que Almeida Ribeiro (antigo espião do Serviço de Informações de Segurança e secretário de Estado Adjunto no segungo governo de Sócrates) possa estar envolvido – por ter participado nos trabalhos do gabinete de crise montado por Vieira e de ainda, segundou apurou a VISÃO, o aconselhar informalmente ao mesmo tempo que chefia a condução de estudos de opinião sobre o ato eleitoral do próximo mês – não será inocente nem obra do acaso.
“Ao acreditarem que ‘já está perdido’, os apoiantes da democracia nem saem de casa para votar. E assim, como num penálti marcado depois de a bola já ter entrado, beneficia-se o infrator”, atira o candidato, que remata o texto com um apelo ao votos dos benfiquistas, para que o clube “volte a ser democrático” e “dos sócios e adeptos”.
A posição de Gomes da Silva surge um dia após a VISÃO ter avançado que uma sondagem da Aximage, feita para a TSF e para o Jornal de Notícias – para qual foram realizadas 603 entrevistas -, e que apontava para uma vantagem enorme de Vieira sobre Gomes da Silva e sobre Noronha Lopes, tinha a chancela de Almeida Ribeiro, que manterá ligações a Vieira e ao diretor de comunicação do Benfica, Luís Bernardo.
Questionado sobre um potencial conflito de interesses entre as duas atividades (ainda que uma delas não seja oficial nem remunerada), Almeida Ribeiro foi evasivo. “Não o conheço. Não falo com pessoas que não conheço e não sei quem o senhor é”, respondeu, perante a insistência da VISÃO (cujo jornalista se identificou várias vezes).
Já a diretora de comunicação do Grupo Bel (que detém a Aximage e que recentemente entrou no capital da Global Media Group – dona da TSF, do Jornal de Notícias, do Diário de Notícias e do desportivo O Jogo), Helena Ferro Gouveia, saiu em defesa da empresa: “As sondagens da Aximage correspondem a todos os critérios de rigor científico e independência face a todos os poderes”, assegurou, acrescentando que o grupo se “pauta por valores como a integridade e a transparência” e que todas as empresas detidas obedecem escrupulosamente a esses princípios éticos. Quanto à eventual incompatibilidade de Almeida Ribeiro, Helena Ferro Gouveia recusou tecer comentários.