“The Room Where It Happened, A White House Memoir” – “A Sala Onde Aconteceu, Uma Memória da Casa Branca” é o nome do livro de John Bolton, com 592 páginas, no qual o ex-conselheiro de Segurança Nacional dos EUA descreve os seus 17 meses na Casa Branca, ao lado de Donald Trump e o que classifica como o “abuso do poder” do atual Presidente, como se pode ler nalguns dos excertos publicados pelo The New York Times.
A Casa Branca quer impedir a publicação do livro alegando que a obra contém informações confidenciais sobre os anos de presidência de Trump.
Estas são 10 das alegações que constam no polémico livro, segundo vários meios de comunicação americanos.
1 – Trump queria a ajuda da China para ganhar as eleições
Trump, “surpreendentemente, mudou a conversa para as próximas eleições presidenciais dos EUA [em 2020], aludindo à capacidade económica da China e implorando a Xi que garantisse a sua vitória”, escreve Bolton, referindo-se a um encontro entre os dois Presidentes, no Japão, no ano passado, durante uma reunião do G20.
2 – Trump disse que construir campos de detenção era a “coisa certa a fazer”
Os uigures são uma minoria étnica, maioritariamente muçulmana, que vive principalmente na província de Xinjiang. Na China, existem prisões que o governo diz serem fundamentais para o “combate ao extremismo religioso”. Na quarta-feira passada, Trump assinou um documento que condena e sanciona as autoridades chinesas envolvidas na construção e manutenção destes campos. Mas, segundo Bolton, quando Xi defendeu a construção destas prisões, o presidente dos EUA incentivou-o a continuar. “De acordo com nosso intérprete”, escreveu Bolton, “Trump disse que Xi deveria continuar a construir os campos, o que Trump achava exatamente a coisa certa a fazer”.
3 – Trump ofereceu ‘favores pessoais aos ditadores’
No livro, Bolton refere que Trump estava disposto a intervir em investigações criminais “para, de facto, pagar favores pessoais aos ditadores de quem ele gostava”, lê-se. O Presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que desde 2018 que está sob uma investigação nos EUA por uma empresa turca por causa de alegadas violações às sanções iranianas terá recebido uma oferta de ajuda por parte do seu homólogo americano, que concordou em “tratar das coisas”.
4 – Os democratas deveriam ter insistido no impeachment
O impeachment contra Donald Trump começou em 2019 quando o Presidente foi acusado de ter pedido ajuda à Ucrânia para interferir nas eleições de 2020.
No livro, Bolton apoia os democratas que acreditam que o Presidente queria a ajuda militar da Ucrânia para pressionar o governo a investigar Joe Biden. No entanto, o autor critica os democratas, considerando que cometeram uma “má prática de impeachment“, reduzindo a investigação à Ucrânia: segundo o ex-conselheiro, se tivessem ampliado a investigação ficaria claro que Trump tinha cometido os “crimes e delitos graves” necessários para ser removido do cargo.
5 – Trump sugeriu que queria cumprir mais de dois mandatos
Segundo Bolton, Trump confessou ao líder da China que os americanos estavam ansiosos que ele fizesse as mudanças constitucionais necessárias para que pudesse cumprisse mais de dois mandatos. “Xi disse que queria trabalhar com Trump durante mais seis anos, e Trump respondeu que as pessoas queriam que o limite constitucional de dois mandatos para presidentes fosse revogado por ele”, escreveu.
6 – Trump não sabia que o Reino Unido era uma potência nuclear
Bolton descreve uma reunião de 2018 com a então primeira-ministra britânica Theresa May, na qual um oficial se referiu à Grã-Bretanha como uma potência nuclear, ao que Trump terá respondido, admirado: “Vocês são uma potência nuclear?”
7 – Trump não sabia se Finlândia fazia parte da Rússia ou não
O escritor menciona mais uma das falhas de Trump quando, antes de uma reunião com o Presidente russo Vladimir Putin, na capital finlandesa Helsínquia, o presidente perguntou se a Finlândia era “uma espécie de satélite da Rússia”.
Bolton também critica os briefings de esclarecimentos, dizendo que não foram “úteis”, pois na maioria deles Trump “falava frequentemente sobre temas não relacionados aos assuntos em questão”.
8 – Trump esteve quase a deixar a NATO
Trump e os EUA, apesar das muitas críticas, ainda participam na Organização do Tratado do Atlântico Norte. Mas Bolton refere que, em 2018, o Presidente esteve muito perto de deixar a aliança. “Vamos sair e não defenderemos quem não pagou”, terá dito.
9 – Trump achou que invadir a Venezuela seria ‘cool’
O Presidente norte-americano, escreve Bolton, considerou que invadir a Venezuela seria “engraçado” e que a Venezuela “é realmente parte dos Estados Unidos”.
Bolton relata que, num telefonema, em maio de 2019, Vladimir Putin realizou uma “exibição brilhante de propaganda ao estilo soviético”, comparando o líder da oposição venezuelana Juan Guaidó à candidata presidencial democrata em 2016, Hillary Clinton, o que “convenceu Trump”. O objetivo de Putin era defender o presidente Maduro, segundo Bolton.
10 – Todos gozam com Trump
No seu livro são ainda descritos vários cenários, em que os funcionários da Casa Branca gozam com o presidente. Bolton não tem dúvidas de que a Casa é “disfuncional” e que as reuniões pareciam “lutas de comida”, em vez de esforços políticos.
Bolton refere ainda que foi avisado por John Kelly, ex-chefe de gabinete da Casa Branca, que aquele era um mau sítio para trabalhar: Tu vais descobrir.”