Lá diz o ditado que não há duas sem três e no próximo sábado, 29, Pedro Passos Coelho confirmará essa máxima com uma nova participação em eventos político-partidários. O antigo primeiro-ministro, sabe a VISÃO, vai a Almada falar a jovens sociais-democratas de Setúbal, no âmbito da 10ª edição da Academia Política, organizada pela distrital da JSD.
O ex-presidente do PSD vai dar formação aos aspirantes a políticos, mas optou por um jantar-conferência à porta fechada para não alimentar a ideia de que está a marcar terreno ou a fazer oposição a Rui Rio através deste ciclo em que intensificou a intervenção pública. No entanto, é expectável que aproveite a aula para abordar a atualidade e, entre os seus apoiantes, espera-se que da ementa constem recados que reforcem a tese de que continua atento ao partido e ao País. E que, com isso, adense a expectativa de que se mantém como uma reserva de luxo dos sociais-democratas.
A Academia Política será dirigida a cerca de 40 militantes da JSD do distrito de Setúbal, mas o jantar-conferência de Passos (que encerra o primeiro dia) terá perto de uma centena de pessoas na audiência, inclusivamente dirigentes distritais e nacionais do partido. A VISÃO contactou o presidente da “jota” de Setúbal, mas Tiago Sousa Santos recusou fazer qualquer comentário sobre o convite endereçado ao ex-chefe de Governo.
Embora mantenha a estratégia de longo curso – Passos não quer que haja sequer a suspeita de que pretende fazer sombra a Rio -, a verdade é que as leituras sobre um eventual regresso ao ativo começaram quando, no final de janeiro, o ex-líder foi à posse dos órgãos do PSD em Ponte da Barca. A presença, garantiu o próprio e o anfitrião, José Alfredo Oliveira, não era mais do que o cumprimento de uma promessa que remontava a 2017, mas o timing pareceu tudo menos inocente: uma semana após as diretas e duas antes do congresso do partido. A mensagem (com um apelo a que PSD e CDS se deixem de “zaragatas” e, juntos, avançassem com uma alternativa reformista) deu imediatamente azo a interpretações.
Já na passada terça-feira, 18, em Lisboa, Passos apresentou o livro Vento Suão: Portugal e a Europa, da autoria de Carlos Moedas, aproveitando a sessão para desferir uma série de golpes em António Costa e em António José Seguro e ainda revelou que travou a ida de Maria Luís Albuquerque para a Comissão Europeia. Pelo meio, declarou ao Expresso que a petição em defesa do referendo à legalização da eutanásia (que não subscreveu) teve o “mérito” de “provocar um sobressalto cívico” e condenou a forma “leviana” como a “esquerda entende legislar” sobre o assunto.
Quanto à Academia Política da JSD de Setúbal propriamente dita, dedicar-se-á ao tema “Pólis 4.0”. O primeiro dia é politicamente mais sumarento, enquanto o segundo, domingo, serve mais para consumo interno. Passos fecha os trabalhos, mas antes dele, no sábado, outros assumirão o papel de professores. Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais e terceiro colocado nas últimas diretas do PSD, abordará a questão das smart cities (cidades inteligentes); Miguel Morgado, antigo deputado e ex-assessor político de Passos, dará uma aula sobre democracia 4.0 e sistemas eleitorais; Manuel Soares de Oliveira, o fundador da agência Mosca e o criativo por trás dos cartazes da Iniciativa Liberal, discorrerá sobre comunicação e marketing políticos; e João Paulo Meireles, antigo vice-presidente da Juventude do Partido Popular Europeu (YEPP), analisará a problemática da proteção de dados e da privacidade, bem como os prós e contras da sua utilização nas campanhas eleitorais.