A primeira edição, de 10 mil exemplares, esgotou antes de o livro chegar às livrarias – o que aconteceu nesta sexta-feira, 15. Segundo a Contraponto Editora, só nas primeiras 24 horas de pré-venda, no dia 1 de fevereiro, receberam “cerca de mil” encomendas. Sem Filtro – As Histórias dos Bastidores da Minha Presidência, escrito com a colaboração do jornalista e autor Luís Aguilar, é um misto de livro de memórias e de acerto de contas de Bruno de Carvalho com outros protagonistas, aquando da sua passagem pelo Sporting – de Frederico Varandas a Jaime Marta Soares, de William Carvalho e Rui Patrício a Jorge Jesus e Octávio Machado, de Jorge Mendes a José Maria Ricciardi. A julgar pelos excertos já conhecidos, o livro promete polémica na mesma medida com que Bruno de Carvalho desempenhou o cargo de presidente.
A VISÃO que está nas bancas pré-publica um capítulo, em que Bruno de de Carvalho se propõe “quebrar um mito”: “José Maria Ricciardi não teve qualquer influência na reestruturação que alcançámos com a banca.”
“Na altura, ele era presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) e esteve em algumas reuniões, a meu pedido, mas manifestou sempre grande desconhecimento dos assuntos que estávamos a debater. Portanto, a ideia de ter ajudado o Sporting nesses assuntos não é real, embora ele nunca tenha mostrado problema algum em ficar com esse rótulo”, lê-se.
Segundo Bruno de Carvalho, o administrador do BES que trabalho com o Sporting foi Joaquim Góis e o afastamento de Ricciardi era de tal ordem que, “nas reuniões em que esteve presente, mostrava estar completamente por fora de todos os assuntos”, limitando-se a ficar ali, “com ar simpático, a ouvir, mas pouco mais”.
O ex-treinador leonino recorda ainda o que descreve como “uma história bizarra”: ‘Estávamos na sala da direção, em Alvalade, com a porta aberta, a falar normalmente. De repente, põe-se de joelhos à minha frente e agarra-me nas pernas. “Perdoe-me, perdoe-me. Estava tão enganado ao longo destes últimos vinte anos. Cometemos tantos erros. Obrigado por tudo o que está a fazer pelo Sporting’.”
A reação deixou Bruno de Carvalho “atónito”. “Ó homem, está tudo perdoado, mas, por favor, levante-se do chão. Passa aqui alguém, veem-no de joelhos e ainda ficam a pensar outra coisa. Largue-me as pernas, por favor.”
No mesmo capítulo, Bruno de Carvalho descreve que numa altura em que vivia “o momento mais complicado” da sua vida graças à gravidez de risco da sua então mulher, Ricciardi lançou-lhe “fortes ataques” na comunicação social, a dizer que devia abandonar a presidência do Sporting. “Este era o mesmo homem que se tinha ajoelhado tempos antes perante mim. O mesmo homem que me fazia rasgados elogios.”