Tiago Brandão Rodrigues terminou a sua prestação no Parlamento com uma novidade: anunciou que o (seu) ministério da Educação vai criar um regime de “tutorias para alunos [do ensino básico] com duas ou mais retenções”, “com aconselhamento pedagógico”. Estas crianças, que atualmente são encaminhadas para o ensino vocacional, deixarão de ser obrigadas a seguir esta via e passarão a ter “direito a um destino que as próprias construam”.
Para o atual inquilino da 5 de outubro, esta via serviu, durante o governo liderado por Pedro Passos Coelho, para “arredar” alunos do sistema educativo, para “remover” estes alunos “dos indicadores”.
E se era do conhecimento público que Brandão Rodrigues discordava com o ensino vocacional no ensino básico, posto em prática pelo ex-ministro, Nuno Crato, só hoje se ficou a saber como é que estes alunos poderão voltar a ter lugar no sistema de ensino.
Brandão Rodrigues falava no plenário parlamentar, onde participou no debate, a pedido do CDS, que quis interpelar o Governo sobre “Política de Educação”. Neste mesmo debate, Assunção Cristas partilhou com os parlamentares o que considera “essencial” na educação: “qualidade no ensino”, “igualdade de oportunidades” e o debate sobre os contratos de associação porque “quando temos menos alunos que oferta educativa, é importante perceber se é de fechar alguma coisa no Ensino Particular ou Cooperativo ou olhar para os resultados, para a vontade de alunos e pais e para os recursos” existentes.
E deixa a porta aberta para CDS e Governo se entenderem em três domínios: a avaliação que não seja um peso para as escolas, mas ajude os alunos, o princípio de que nenhuma criança pode ficar para trás e a centralidade no professor.
No seu Gabinete de Estudos, uma equipa liderada por Mariana França Gouveia trabalha para apresentar, (tentativamente) até julho, um conjunto de propostas sobre a Educação, à semelhança do que foi apresentado, há umas semanas, sobre Natalidade.