Na sua página de Facebook, João Soares acusa Seabra de “bolsar” [quereria dizer bolçar, que significa insultar ou vomitar e não bolsar, que quer dizer fazer fole, daí ter corrigido o erro horas mais tarde) sobre o seu trabalho à frente do ministério da Cultura, na coluna de opinião que assina no jornal Público. Diz que tem primado nos últimos tempos por “aleivosias e calúnias”. E conclui: “estou a ver que tenho de o procurar, a ele e já agora a Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem”
Augusto M. Seabra é sociólogo e crítico de cinema. Escreve no Público e esta quarta-feira dedicou a coluna ao ministro da Cultura: “passados quatro meses não afirmou uma linha de ação política, tão só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria.”, escreveu sobre Soares. Entre os casos de que fala estão o do Centro Cultural de Belém ou a nomeação de Pacheco Pereira para a administração do Museu de Serralves.
Os dois colunistas já reagiram à ameaça. Em declaração ao Público, Seabra diz que “é inqualificável” por parte de um membro de um “governo democrático”. Já Pulido Valente garante: “Fico à espera, para me dar as bofetadas”.
A “guerra” de Soares com Seabra já vem de longe. O próprio ministro recorda que logo “em 1999″ prometeu-lhe “publicamente um par de bofetadas”. “Foi uma promessa que ainda não pude cumprir, não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia”, remata.
Também Vasco Pulido Valente não tem poupado João Soares nas suas crónicas.No início de Março, a propósito do “caso Lamas”, – o diretor do CCB demitido pelo ministro – classificou Soares de “lamentável personagem”. E sublinhou que “não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se pensarmos que ele é no governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por simples caridade”.
Há já várias vozes a pedir a demissão do ministro por causa daquilo que já é classificado nas redes sociais como “bofetadasgate”. Sérgio Azevedo, vice-presidente da bancada do PSD, diz que o caminho de Soares só pode ser o de “demissão”. Também Daniel Oliveira, ex-dirigente do Bloco de Esquerda, escreve na sua página: “Um ministro que ameaça fisicamente quem o critica não pode ser ministro. Depois deste post João Soares tem de se demitir, António Costa tem de se demarcar desta ofensa à democracia e os partidos que sustentam o governo têm de ser muitíssimo claros”.