O motorista de táxi que em Dezembro foi apanhado, em flagrante delito, a furar os pneus de um carro ao serviço da Uber foi condenado a pagar 750 euros de multa por um crime de dano simples. Na sentença a que a VISÃO teve acesso, a instância local de Lisboa decidiu ainda que o taxista deve pagar 93,04 euros ao condutor da Uber lesado a título de danos patrimoniais.
No dia do incidente, o taxista Pedro Veiga terá furado, durante a madrugada, e com um canivete, um pneu de um veículo ao serviço da Uber, fugindo de seguida. Em comunicado, a PSP acrescentaria que posteriormente viria a descobrir que o mesmo taxista teria furado quatro pneus de outro carro ao serviço da plataforma que permite chamar um carro com motorista através de uma aplicação de telemóvel.
A guerra à Uber está instalada desde os primeiros tempos em que o serviço passou a estar disponível em Lisboa, e já levou a providências cautelares, manifestações e inúmeros desacatos. Primeiro, a ANTRAL (a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros é a mais representativa do sector) interpôs uma providência cautelar para proibir a atividade da Uber em Portugal. O tribunal aceitou a providência mas como a ANTRAL identificou a empresa sedeada nos Estados Unidos, e a Uber que opera em Portugal é a que tem sede na Holanda, a empresa nunca deixou de operar no país. A Uber apresentou logo de seguida recurso mas a decisão ainda está pendente.
Uns meses depois os taxistas uniram-se noutra forma de luta contra a concorrente. Mas a manifestação não acabaria bem: nas ruas de Lisboa taxistas envolveram-se em confrontos com outros taxistas.
E desde então sucederam-se casos de agressões de taxistas a motoristas da Uber: só em duas semanas foram apresentadas quatro queixas-crime.
Florêncio de Almeida, presidente da ANTRAL há 15 anos, tem tentado manter a associação longe dos conflitos, insistindo que se tratam de acontecimentos isolados perpetrados por alguns motoristas mas sem qualquer incentivo da ANTRAL. O motorista que furou os pneus dos carros ao serviço da Uber, e que agora foi condenado, foi representado por Abel Marques, advogado da associação.