António Costa arrumou o assunto Sócrates logo na abertura do seu discurso. Disse que os “socialistas enfrentaram com serenidade”, esta semana, “uma prova para a qual nunca ninguém está preparado”, “um choque brutal para todos nós”. E elogiou a “forma exemplar e a responsabilidade” com que os socialistas lidaram com a situação.
Dirigindo-se “pela primeira vez, como secretário-geral”, como fez questão de salientar, às hostes do PS, Costa referiu que o fazia “com emoção” porque o “partido também é uma relação de afetos”.
Faltavam cinco minutos para as 13 horas quando o novo líder do PS se dirigiu ao púlpito do XX Congresso, a decorrer, hoje e amanhã, na Fil, no Parque das Nações.
Antes, já tinham discursado Maria de Belém, a presidente cessante, Marcos Perestrello (líder da FAUL, a federação de Lisboa), Fernando Medina (vice-presidente da Câmara da capital), Joaquim Raposo (da Comissão Organizadora do Congresso), Jorge Lacão, que apresentou as alterações estatutárias propostas pela nova direção, e Carlos César, o novo presidente do PS.
Carlos César referiu que o PS “deve estar no epicentro” do diálogo político, enviou recados para o Presidente da Republica – “precisamos de um Presidente que reabilite a percepção perdida que em Belém mora o Presidente da República” – e mostrou cautelas para um “tempo que exige oposição a qualquer populismo enganador”, dizendo que as coligações eleitorais, em Portugal, “têm grandes fragilidades”. Assim, pediu “maioria absoluta nas próximas eleições” para o PS.
No seu primeiro discurso neste Congresso, António Costa anunciou a primeira medida interna que quer tomar caso seja eleito primeiro-ministro: propor a eleição de um secretário-geral adjunto. Porque, explicou, o partido não pode ficar em segunda plano enquanto decorre a ação governativa, pelo contrário, deve “continuar ativo”.
Depois, num discurso de 50 minutos, interrompido por alguns aplausos, o novo secretário-geral “carregou” no atual Governo de coligação, falando em retrocesso social, aumento da pobreza, subida da dívida pública, nos Orçamentos do Estado chumbados pelo Tribunal Constitucional e na “angústia e incerteza da sociedade”. Mencionou a entrevista de Passos Coelho, esta semana, à RTP, dizendo que o “primeiro-ministro falou longa e descontraidamente”, mas que “nada disse sobre o crescimento, o emprego ou o combate à pobreza”. Costa enunciou, ainda, os principais pontos da Agenda para a Década (documento que irá dar origem ao seu programa de Governo).