As mesas do Kremlin são um bom retrato da forma como Vladimir Vladimirovich Putin exerce o poder. O governante, que os russos também conhecem por VVP ou O Faraó, gosta de manter os interlocutores à distância e prefere cada vez mais os monólogos às conversas sem tabus. As imagens transmitidas pelas televisões do regime mostram que o atual Presidente está a ficar deveras parecido com o mais tirânico e duradouro dirigente da União Soviética, como assinalou a revista The Economist.
Tal como Estaline, também Putin se mostra “louco nos seus desejos e implacável nas suas decisões”, para usarmos a expressão do escritor russo Vladimir Sorokine. A politóloga Tatiana Stanovaya, investigadora do Carnegie Moscow Center, vai mais longe e soma-se ao coro de personalidades que acreditam no crescente isolamento de Putin e do respetivo grupo de conselheiros, quase todos velhos camaradas dos serviços secretos e de São Petersburgo – a cidade dos czares, onde o chefe de Estado nasceu há 69 anos: “São sempre os mesmos que têm de o informar. Por terem medo de o manipular, concordam sempre com as suas ideias, dizem-lhe apenas o que ele quer ouvir. Cada nota é feita para agradar ao chefe.”