“O cuidado dispensado a grávidas ou em período de aleitamento continua a ser lamentável, por causa do bombardeamento direto dos hospitais e da recusa deliberada de acesso a instalações sanitárias por francoatiradores israelitas, agravada com a falta d camas e recursos médicos, que colocam 50 mil mulheres palestinianas grávidas e a 30 mil recém-nascidos perante um risco inimaginável”, alertaram.
Mais de 183 mulheres dão à luz na Faixa de Gaza em cada dia sem qualquer tipo de analgésico e “centenas de bebés morreram por falta de energia elétrica para as incubadoras”.
Estas “condições terríveis provocaram um aumento dos abortos espontâneos em 300% e colocaram 95% das grávidas e mulheres em período de aleitamento em situação de grave pobreza alimentar”, acrescentaram.
Cerca de 700 mil mulheres e raparigas da Faixa de Gaza não têm os meios para enfrentar o ciclo menstrual com privacidade e dignidade.
Em geral, a “destruição inédita” de habitações e a precariedade do dia a dia “afetaram mulheres e raparigas de forma desproporcional”.
Os peritos da ONU declararam-se também “consternados por as mulheres serem atacadas por Israel com tanta sanha, com ataques discriminados e desproporcionados. Parece que no poupam meios para destruir as suas vidas e negar-lhes os seus direitos fundamentais”,
Em consonância, exigiram a Israel que “acabe com todas as hostilidades” e aos Estados “o fim imediato de todas as exportações de armas”, uma vez que “não podem continuar a ignorar que as armas são utilizadas para matar mulheres e crianças inocentes. Não há mais desculpas”.
O documento é assinado pela relatora especial para a violência contra as mulheres e meninas, causas e consequências, Reem al Salem; relatora especial para a situação dos Direitos Humanos nos Territórios Palestinianos Ocupados desde 1967, Francesca Albanese; pelo relator especial para o direito a habitação adequada, Balakrishnan Rajagopal; pelo relator especial para o direito à alimentação, Michael Fakhri; pelo relator especial para os direitos à água potável segura e saneamento básico, Pedro Arrojo Agudo; pela relatora especial para os Direitos Humanos das pessoas deslocadas internas, Paula Gaviria Betancur; e pelo relator especial para o fomento e a proteção dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais durante a luta contra o terrorismo, Ben Saul.
Estes peritos integram o organismo de Procedimentos Especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que é o principal órgão de peritos do sistema de Direitos Humanos da ONU. São peritos independentes, nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, com quem colaboram de forma voluntária, e não funcionários da organização.
com Lusa