O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta quinta-feira que a Europa é “mortal” e que “pode morrer” ou ser “relegada”. O aviso foi assertivo, mas não alarmista, e foi deixado durante um discurso que está a ser apontado como o pontapé de saída do líder na sua campanha para as eleições europeias.
“Devemos ser claros hoje sobre o facto de que a nossa Europa é mortal, pode morrer”, disse Macron. E prosseguiu: “Depende apenas das nossas escolhas, mas estas escolhas têm de ser feitas agora”, porque “na próxima década, (…) há um enorme risco de sermos enfraquecidos ou mesmo relegados“.
Numa altura em que o seu partido parece estar a lutar contra o Rassemblement National, de extrema-direita, nas sondagens, Macron propôs a criação de um “conceito estratégico para uma defesa europeia credível” face às ameaças externas, nomeadamente da Rússia.
O chefe de Estado francês apelou também à União Europeia para que “recupere o controlo das suas fronteiras” e “assuma a responsabilidade por elas”, um tema que agrada fortemente aos eleitores de direita. Propôs também “uma estrutura política” a nível europeu que permita tomar decisões sobre “a imigração, a luta contra o crime organizado, o terrorismo, o tráfico de droga e a cibercriminalidade”.
Uma chamada de atenção para a fragilidade das instituições, e para o perigo de se tomar os direitos como garantidos, numa altura em que a Europa – à semelhança do que acontece um pouco por todo o mundo – assiste ao crescimento dos movimentos de extrema-direita, e se debate com cada vez mais assentos parlamentares ocupados por partidos extremistas.
De acordo com uma sondagem da Opinionway sobre as eleições europeias de 9 de junho, publicada na sexta-feira passada, a lista da maioria presidencial, com 19%, continua muito atrás da lista da extrema-direita Rassemblement National (29%), mas mantém uma clara vantagem sobre a dos socialistas (12%).