“Estamos cientes de que o controlo do cargueiro MSC Aries foi tomado pelo Irão. Sabemos que há 17 cidadãos indianos a bordo”, afirmou à agência espanhola Efe fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia.
De acordo com a mesma fonte, o Governo indiano está em “contacto com as autoridades iranianas, através de canais diplomáticos, tanto em Teerão como em Nova Deli, para garantir a segurança, o bem-estar e a rápida libertação dos cidadãos”.
Índia e Irão mantêm relações diplomáticas estáveis desde 1950, apesar de as relações económicas estarem dominadas pelas importações de petróleo iraniano por parte de Nova Deli.
A agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária iraniana, anunciou hoje que “um navio cargueiro associado ao regime sionista [Israel]” fora capturado.
O MSC Aries é um navio de carga com pavilhão português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres, parte do grupo Zodiac, pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer.
O incidente ocorre no meio da tensão criada pelo ataque israelita ao consulado do Irão em Damasco, em 01 deste mês, que deixou sete membros da Guarda Revolucionária mortos. O Irão prometeu entretanto retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana.
O navio saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi apresado.
A agência de notícias estatal iraniana IRNA reconheceu hoje o assalto ao navio, depois de ter sido reportado um ataque a esse mesmo barco, que se suspeitava ter sido levado a cabo pela Guarda Revolucionária, força paramilitar iraniana que promoveu assaltos semelhantes no passado.
O incidente foi inicialmente reportado pela agência de operações comerciais marítimas do Reino Unido (UKTMO), cuja fonte partilhou com a AP o vídeo desse mesmo ataque.
Desde 2019 que o Irão tem sido acusado de estar envolvido em vários assaltos e ataques a navios na zona do golfo de Omã, por onde passa cerca de um quinto de todo o petróleo comercializado no mundo.
O Governo português afirmou que não há cidadãos portugueses a bordo e que já pediu esclarecimentos a Teerão.
JGA // VM