Wilders, oficialmente o único membro do Partido Pela Liberdade (PVV), cujo programa tinha até agora como uma das principais propostas a saída imediata dos Países Baixos da União Europeia (UE), já não defende a convocação de um referendo para esse fim, tendo hoje admitido que “já não há no país apoio para um ‘Nexit'”, embora mantenha o discurso de o “resgatar” à influência de Bruxelas, sustentando que o poder comunitário deve ser “minado a partir de dentro”.
“Queremos assegurar-nos de que a União é uma união económica e o menos possível uma união política. Em termos de migrações, queremos sair um pouco da UE, com uma exceção. Preferimos fazer isso em vez de sair completamente da UE, uma coisa que agora só um em cada cinco neerlandeses apoia”, declarou.
No programa eleitoral das eleições gerais nos Países Baixos, em novembro passado, o PVV ainda tinha o ‘Nexit’ como bandeira, tal como nas eleições europeias de 2019, quando o partido fez campanha com um tom mais firme e duro, apelando para um ‘Nexit’.
No entanto, Wilders advertiu de que continua a “representar os seus eleitores e a imigração é um tema importante” e se mantém “firme nisso”, razão pela qual não fará “quaisquer concessões” em matéria de política de asilo.
“A cooperação económica intensiva é do nosso interesse”, admite agora o PVV, mas sublinhando que “não quer um superestado europeu” e trabalhará “arduamente para mudar a União a partir de dentro”.
No texto do programa eleitoral europeu, também não é feita qualquer referência ao Islão e afirma-se que o PVV apoia a luta da “Ucrânia contra o agressor russo”.
O partido de extrema-direita neerlandês diz apoiar a cooperação europeia no âmbito militar, mas “não sob a bandeira da UE” e opõe-se à criação de um Exército europeu.
Embora nas europeias de 2019 o PVV não tenha obtido qualquer mandato, uma sondagem da agência Ipsos mostrou em março que um quarto dos neerlandeses que planeiam exercer o seu direito de voto a 06 de junho tem a intenção de votar no PVV, o que lhe daria nove assentos no Parlamento Europeu.
O PVV de Wilders venceu as eleições gerais de novembro passado com 37 dos 150 mandatos do parlamento neerlandês, o que lhe dá prioridade para tentar formar Governo, embora não consiga fazê-lo sem o apoio de mais três partidos, que lhe dariam maioria parlamentar e com os quais está agora a negociar alguma fórmula de executivo de centro-direita sem ele como primeiro-ministro.
ANC // PDF