Os líderes da oposição italiana estão a pressionar a primeira-ministra Giorgia Meloni a tomar uma atitude contra os grupos neofascistas, depois da divulgação, nas redes sociais, de imagens captadas na noite de domingo, em Roma, que mostram centenas de homens a fazerem a saudação fascista durante um evento.
A multidão surge na rua Acca Larentia, onde funcionou uma sede do antigo Movimento Social Italiano (MSI), um partido fundado após a Segunda Guerra Mundial por integrantes dos últimos anos do regime fascista de Benito Mussolini. No vídeo, as centenas de pessoas prestam homenagem a dois militantes da extrema direita que foram assassinados naquele local no dia 7 de janeiro de 1970 num ataque reivindicado por um grupo de extrema esquerda. Surgem alinhados numa formação que parece militar, estendem o braço e gritam “presente” três vezes após o comando de alguém que diz “a tutti i camerati caduti”, que em tradução literal significa “a todos os camaradas mortos”. Todos os anos a data é lembrada pela direita, mas a saudação presente no vídeo está fora do protocolo.
Itália nos anos 30? Não, Roma 2024, 7 de janeiro. O fascismo a crescer na Europa, às claras, sem vergonha nem medo.
— Diletante (@Rebeldiletante) January 9, 2024
Manifestação em frente à sede do partido fascista Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, no 46º aniversário do assassinato de 3 neofascistas em Roma. pic.twitter.com/0UIFg56VBf
A oposição está a condenar publicamente a saudação e a pedir uma atitude da primeira-ministra que, até ao momento, ainda não se pronunciou publicamente sobre o tema. “Roma, 7 de janeiro de 2024. Mas parece 1924. As organizações neofascistas devem ser dissolvidas, como diz a Constituição”, publicou Elly Schlein nas redes sociais, deputada do Partido Democrático. “O que aconteceu é inaceitável. Os grupos neofascistas devem ser dissolvidos, como determina a constituição.”
Carlo Calenda, líder do partido centrista Azione, declarou: “É uma vergonha, inaceitável numa democracia europeia”. O Movimento Cinco Estrelas, liderado pelo ex-primeiro-ministro de Itália Giuseppe Conte, afirma que vai apresentar queixa ao Ministério Público de modo a se apurar a existência do crime de apologia do fascismo. Também Matteo Renzi, que foi primeiro-ministro do país entre 2014 e 2016, apelou a uma reação de Meloni.
O silêncio de Meloni está a aumentar as críticas de que a primeira-ministra, que assumiu o cargo em setembro de 2022, oferece resistência a condenar atos que remetem ao fascismo.