Num discurso dirigido às forças de segurança no Kremlin, em Moscovo, citado pelas agências noticiosas oficiais russas, Putin garantiu, por outro lado, nem o exército regular nem a população russa apoiaram a rebelião armada.
“Aqueles que foram atraídos para a rebelião viram que o exército e o povo não estavam do seu lado”, disse Putin, assegurando que o trabalho das forças de segurança no sábado “impediu o desenvolvimento extremamente perigoso da situação”.
Depois de pedir um minuto de silêncio em memória dos militares russos mortos durante a rebelião, Putin, prestou homenagem aos pilotos do exército mortos pelos amotinados enquanto “cumpriam honrosamente o seu dever”.
“Juntamente com os vossos irmãos de armas, opuseram-se a esta agitação, cujo resultado teria sido inevitavelmente o caos. De facto, impediram uma guerra civil”, declarou Putin.
O Presidente russo garantiu que nenhum soldado russo envolvido na operação militar especial na Ucrânia foi reenviado para a Rússia para travar a rebelião.
“Não tivemos de retirar unidades de combate da zona da ‘operação militar especial'”, sublinhou.
Paralelamente, na habitual conferência de imprensa matinal, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, negou que o Presidente russo tenha ficado enfraquecido com o fracasso da rebelião do Grupo Wagner, que provocou a pior crise na Rússia desde que Vladimir Putin chegou ao poder, há mais de 20 anos.
“Não estamos de acordo” com estas análises, afirmou, referindo-se a “discussões vazias” que “não têm nada a ver com a realidade”.
“Estes acontecimentos mostraram até que ponto a sociedade está a consolidar-se em torno do Presidente”, afirmou Peskov.
Segunda-feira, Putin já tinha agradecido aos responsáveis pela segurança do Estado o trabalho realizado durante a rebelião do Grupo Wagner, no início de uma reunião com as principais chefias militares e de segurança do país.
“Juntei-vos nesta reunião para vos agradecer o trabalho que realizaram nos últimos dias e para discutir a situação”, disse Putin no início da reunião, da qual foi transmitido um pequeno segmento, pela televisão.
Nesta “reunião de trabalho” participou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, mas não o chefe do Estado-Maior Valery Guerasimov, dois inimigos declarados do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.
Os mercenários do Grupo Wagner realizaram no fim de semana uma rebelião armada de 24 horas, liderada por Prigozhin, durante a qual tomaram a cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia, e avançaram até 200 quilómetros de Moscovo.
A rebelião terminou com um acordo mediado pelo Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que, segundo o Kremlin, estabelece que Prigozhin fique exilado na Bielorrússia, em troca de imunidade para si e para os seus mercenários.
Numa declaração à nação, hoje transmitida pela televisão, Putin propôs aos mercenários a possibilidade de ficarem na Rússia e integrarem o exército, ou de partirem para a Bielorrússia.
JSD (LT) // APN