Nos últimos dois anos, as autoridades deram oito mil patacas (910 euros) a cada residente de Macau para reduzir o impacto da crise económica causada pela pandemia de covid-19.
Na última ronda do subsídio, anunciada em setembro, cada residente tinha até 30 de junho de 2023 para utilizar o montante para efetuar pagamentos, sobretudo no comércio local, com um limite diário de 300 patacas (34 euros).
Numa intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa, Lei Leong Wong pediu ao Governo que “estude, quanto antes, sobre o lançamento de um novo plano de benefícios do consumo”.
O deputado defendeu que a medida poderia dar “o apoio adequado e atempado” às famílias mais pobres, reduzir o impacto da “constante subida dos preços dos produtos” e estimular a procura interna.
De acordo com dados oficiais, a inflação homóloga tem variado entre 0,76% e 0,86% desde novembro.
“No entanto, as principais categorias que contribuíram para esse aumento estão relacionadas com as despesas diárias da população”, sublinhou Lei Leong Wong, incluindo as refeições adquiridas fora de casa e a fruta.
Em setembro, o Conselho Executivo de Macau disse que o subsídio poderia gerar um consumo de mais de 10 mil milhões de patacas (1,14 mil milhões de euros), ajudando a “dinamizar a procura interna local e promover a recuperação económica”.
O diretor dos Serviços de Economia de Macau, Anton Tai Kin Ip, disse na altura que a última ronda da medida iria representar um investimento de 5,92 mil milhões de patacas (673,4 milhões de euros).
Também hoje, os deputados José Pereira Coutinho e Song Pek Kei defenderam o aumento dos salários da função pública de Macau, que têm estado congelados desde 2019.
O português José Pereira Coutinho lembrou que na vizinha região chinesa de Hong Kong as autoridades decidiram, na semana passada, aumentar os salários da função pública em 4,65% “e conceder à população cartões eletrónicos de consumo para incentivar o consumo interno”.
Já Song Pek Kei defendeu que a medida seria “também um indicador” que poderia encorajar “grandes empresas” de Macau, incluindo as operadoras de casinos, a subir também os salários dos seus funcionários.
A receita corrente de Macau subiu 56,8% em termos anuais nos primeiros cinco meses de 2023, graças à recuperação dos impostos sobre o jogo, mas o Governo cortou a despesa pública em 24,9%.
Ainda assim, Macau só conseguiu manter as contas em terreno positivo graças a transferências no valor total de 7,2 mil milhões de patacas (831,7 milhões de euros) vindas da reserva financeira.
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