“Estamos cientes da política de não-alinhamento da África do Sul. É por isso que a UE não está a pedir à África do Sul que escolha um lado. Pedimos-lhe simplesmente que cumpra a Carta das Nações Unidas. Nada mais. Mas também nada menos que isso”, disse Borrell numa conferência de imprensa conjunta, em Pretória, com a ministra das Relações e Cooperação Internacionais sul-africana, Naledi Pandor.
“É por isso que espero que a África do Sul possa usar as suas boas relações com a Rússia para convencer a Rússia a parar esta guerra”, acrescentou.
Borrell salientou que o país africano está numa boa posição para dar um “importante contributo” à paz mundial.
“[A guerra na Ucrânia] não é apenas uma guerra europeia. Está a acontecer em solo europeu, mas afeta o mundo inteiro”, sublinhou.
A ministra sul-africano disse que alcançar a paz na Ucrânia não deveria ser apenas da responsabilidade da África do Sul, mas de toda a comunidade internacional.
“Não é só a África do Sul que procura a paz. Todos os países precisam dela”, disse Pandor, que apelou ao reforço do sistema da ONU, “especialmente do Conselho de Segurança”, para que represente “todas as vozes e povos do mundo” e melhore a sua legitimidade.
“Nunca direi que outros países não estão a trabalhar o suficiente. Eu disse que todos os países devem trabalhar em conjunto para encontrar uma forma de pôr fim à guerra e a um processo de paz”, disse.
A conferência de imprensa seguiu-se ao Diálogo Político Ministerial África do Sul-UE, que foi presidido por Borrell e Pandor em Pretória.
Face a um “ambiente geopolítico instável” devido a situações como a guerra na Ucrânia, Borrell saudou o facto de “a parceria estratégica entre a África do Sul e a União Europeia ter avançado numa trajetória positiva, apesar de alguns fatores irritantes”.
O objetivo da viagem de Borrell à África do Sul é fazer o balanço da cooperação global UE-África do Sul e preparar uma próxima cimeira entre as duas partes.
A África do Sul, que deverá realizar exercícios navais conjuntos com a Rússia e a China, em fevereiro, recebeu no início desta semana o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que mais uma vez acusou o Ocidente de obstruir a entrega de fornecimentos a países pobres com as sanções que impôs à Rússia por ter atacado a Ucrânia.
A África do Sul, Rússia e China constituem o grupo de economias emergentes BRICS, um bloco que também inclui o Brasil e a Índia e cuja presidência rotativa está a ser exercida este ano pelo país africano.
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