Os taliban recuperaram o poder no Afeganistão em agosto do ano passado e, desde então, as mulheres foram afastadas de muitas profissões, passaram a ter de cobrir o cabelo ou o rosto e foram impedidas de viajar sem um acompanhante do sexo masculino. Esta semana, o caso tornou-se ainda mais crítico e, agora, as mulheres passam a não poder entrar em jardins públicos e parques de diversões.
“Nos últimos 15 meses, tentámos o nosso melhor para organizar e resolver – e até especificámos os dias”, disse Mohammad Akif Sadeq Mohajir, porta-voz do Ministério para a Prevenção do Vício e Promoção da Virtude, em declarações à AFP. “Mas ainda assim, em alguns lugares – na verdade, devemos dizer em muitos lugares – as regras foram violadas. Houve mistura [de homens e mulheres], o hijab não foi usado, por isso a decisão foi tomada por enquanto”.
A notícia foi recebida com desânimo pelas mulheres e pelos coordenadores dos parques. “Não há escolas, não há trabalho… devemos pelo menos ter um lugar para nos divertir”, disse uma mulher em declarações à AFP, que pediu para ser identificada apenas como Wahida. “Estamos entediadas e fartas de ficar em casa o dia todo, as nossas mentes estão cansadas”, desabafou.
Habib Jan Zazai, co-orientador do parque de diversões maos próximo de Wahida, teme que possa ter de fechar um negócio no qual investiu 11 milhões de euros e que emprega mais de 250 pessoas. “Sem mulheres, as crianças não vêm sozinhas”, reclamou, alertando que tais decretos desencorajam o investimento de estrangeiros ou afegãos que vivem no exterior, além de impactar a economia.