Emmanuel Macron foi reeleito Presidente da República em França. Segundo as previsões que resultam da contagem de votos em localidades onde as urnas fecharam uma hora mais cedo do que nos grandes centros urbanos – sempre muito fiáveis -, Macron venceu com 58% dos votos, contra 42% de Marine Le Pen.
Ao contrário do que acontece em Portugal, por exemplo, em França não se recorre a sondagens à boca das urnas para anunciar estimativas do resultado assim que fecham todas as urnas. Ao invés, essas estimativas baseiam-se numa amostra de votos reais, a partir da qual se extrapola para resultados nacionais, com uma tradição de elevada precisão. Em 1981, François Mitterrand venceu com 51,76% dos votos e a previsão à hora de fecho das urnas foi de 51,75%.
É a primeira vez desde 2002 que o candidato incumbente volta a merecer a confiança dos franceses e renova o mandato na segunda eleição para o cargo. O último a consegui-lo antes de Macron tinha sido Jacques Chirac (1995-2007), uma vez que tanto Nicolas Sarkozy (2007-2012) como François Hollande (2012-2017) só cumpriram um mandato.
A vantagem de Macron em relação a Le Pen diminuiu quando comparada com os resultados das eleições presidenciais de 2017. Há cinco anos, o líder francês bateu a candidata da extrema-direita por 66% contra 34%, na segunda volta. Desta vez, a diferença cifra-se em 16% , o que representa uma perda de cerca de dois milhões de eleitores.
Recorde-se que, na primeira volta, há duas semanas, o Presidente tinha alcançado 27,85% dos votos e Le Pen 23,15%. Macron subiu 30 pontos percentuais e a sua rival menos de 20.
Os franceses terão optado por renovar o mandato de um Presidente centrista liberal e muito pró-europeu, face a uma candidata radical, com “prioridade nacional” no centro do seu projeto, e extremamente crítica da União Europeia.
A eleição ocorre num contexto de abstenção recorde, estimado em 27,8% pelo instituto de sondagens Ifop, uma taxa inédita para uma segunda volta desde 1969 (31,3%). A França costuma levar uma grande fatia da sua população às urnas.
Os resultados mostram também uma nação dividida e indicam uma batalha para o Presidente manter a sua maioria parlamentar nas eleições legislativas de junho.