Segundo o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola (PNA), Paulo de Almeida, a escassez de efetivos a nível do país, com cerca de 30 milhões de pessoas, é um facto e Angola tem de atingir os cerca de 200 mil efetivos em 2025.
“Senão, não vamos alcançar a demanda da cobertura policial mesmo com os meios que tivermos à nossa disposição”, afirmou hoje Paulo de Almeida, durante um encontro com os jornalistas, em Luanda.
Angola, com 18 províncias, conta atualmente com perto de 100 mil efetivos, “dos quais 70 mil são operacionais, num rácio de um polícia para 2.000 pessoas que é difícil de controlar”.
“Logicamente temos muitos campos e áreas sem cobertura por carência de efetivos, e hoje o policiamento faz-se também com técnica e tecnologia, mas face aos nossos parcos ou quase inexistentes recursos temos estado sujeitos a fazer um policiamento físico”, frisou.
Para o comandante-geral da polícia angolana, o policiamento físico “não dá e nem pode ser total e nem completo”, notando que “muitas vezes a sociedade reclama da ausência da polícia”.
“É quase difícil agir, mas eu glorifico esses nossos camaradas que têm feito um esforço titânico para poder garantir uma certa estabilidade e ordem”, apontou.
A segurança pública, as condições técnicas e humanas da polícia angolana, a postura dos efetivos durante manifestações e a relação destes com os jornalistas foram alguns dos temas abordados neste encontro.
O comandante-geral da PNA lamentou também os “escassos recursos” técnicos, tecnológicos e financeiros colocados à disposição do efetivo que dirige, referindo que o desempenho da corporação “não é fácil”.
“Nós temos uma árdua tarefa, esta é uma missão espinhosa, nem sempre agradável, porque às vezes restringe direitos e liberdades dos cidadãos e nem todos gostam que as suas liberdades constitucionalmente consagradas sejam coartadas”, disse.
“E às vezes também temos que nos impor para que haja ordem e disciplina e, neste atuar, às vezes pode não ser agradável aos destinatários e da nossa parte também pode haver alguns excessos”, admitiu.
Paulo de Almeida recordou que a corporação policial angolana é composta por vários estratos sociais, “entre o camponês, o operário, o intelectual e outros”, e onde se encontra igualmente o “disciplinado e aquele que apenas ingressou para ter o primeiro emprego, e não tem a convicção, muitas vezes, da missão que irá assumir, ou também aqueles que por força da conjuntura atual buscam na polícia a sua solução do seu modo de vida”.
A atual estratificação da polícia angolana, no entender de Paulo de Almeida, “dificulta também a linhagem daquilo que se pretende que seja a deontologia profissional dos efetivos”.
Para se formar um polícia, observou, “no mínimo é necessário um ano”, mas “infelizmente, pela necessidade de cobertura policial em Angola, o comando-geral é forçado a reduzir esta formação para 65 dias”.
“E muitas vezes esse polícia não sai com a doutrina interiorizada, ele no decorrer o seu trabalho vai aprendendo, mas não é igual o que aprendemos nas escolas”, sublinhou.
Paulo de Almeida negou ainda a existência de qualquer concurso público no seio da polícia e explicou que o enquadramento tem sido feito de modo especial, como ocorreu recentemente com o recrutamento de 1.500 efetivos para a polícia de intervenção rápida.
DYAS // JH