“O PAICV [Partido Africano da Independência de Cabo Verde] precisa de ser um partido de todos os cabo-verdianos. Para além de ser um partido dos militantes”, afirmou, durante a apresentação da sua candidatura à liderança, Rui Semedo, que é atualmente presidente interino do partido.
O deputado e antigo ministro da Defesa e dos Assuntos Parlamentares no Governo do PAICV apresentou a sua candidatura ao final da tarde de hoje, na Assembleia Nacional, na Praia, e em declarações aos jornalistas disse que para já só concorre a este mandato, de três anos (2022-2024). Acrescentou que só depois desse período — apenas com eleições autárquicas, em 2024 – é que avaliará o futuro, nomeadamente tentar um segundo mandato e concorrer ao cargo de primeiro-ministro nas eleições legislativas de 2026.
“É claro que deve-se preparar, permanentemente, para os desafios futuros. O partido não se prepara apenas para o presente, neste momento preparamo-nos para os desafios de 2024 [autárquicas], vamos lançando também as bases para 2026 [legislativas]”, afirmou Rui Semedo, aos jornalistas.
E garantiu que é “cedo demais” para falar das legislativas de 2026, já que a última eleição aconteceu ainda em abril deste ano.
“O futuro, como dizem, a Deus pertence. Neste momento tenho a disponibilidade total”, acrescentou, referindo-se a este mandato de três anos, quando é o único candidato conhecido à liderança do partido.
O PAICV realiza eleições diretas em 19 de dezembro. As propostas de candidaturas podem ser entregues até 05 de dezembro e a confirmação acontece dois dias depois, anunciou anteriormente a Comissão Nacional de Jurisdição e Fiscalização (CNJF) do partido.
As candidaturas deverão fazer chegar a sua proposta e Moção de Orientação Política Nacional, acompanhada de um mínimo de 300 assinaturas que abranjam dois terços dos setores do partido.
Depois das eleições, o maior partido da oposição cabo-verdiana vai realizar o seu Congresso Nacional entre 28 e 30 de janeiro de 2022.
Rui Semedo, antigo líder parlamentar e atualmente deputado, era um dos vice-presidentes e lidera interinamente o PAICV desde a demissão de Janira Hopffer Almada, precisamente após a derrota nas eleições legislativas de 18 de abril, nas quais o Movimento para a Democracia (MpD, no Governo) renovou a maioria absoluta.
Na sua apresentação, Rui Semedo voltou a assumir que se inspira nas figuras de Amílcar Cabral, fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Aristides Pereira e Pedro Pires.
“Serei um presidente de todos os militantes, ativo, atento, preocupado com as situações e que procura estar sintonizado com os problemas da atualidade”, disse.
Criticando a governação do MpD, no poder desde 2016, insistiu que o momento é de “luta contra a perda dos ganhos anteriores” e defendeu que no combate político o PAICV precisa de “ser mobilizador e ir às raízes”, chamando “novos cabo-verdianos e novos patriotas”.
“É preciso reinventar a forma de ser militante. Menos individualista, mais voltado para as causas sociais, para a solidariedade, para a justiça”, afirmou.
Pediu “ideias novas”, como única forma de “mobilizar a sociedade” cabo-verdiana e “reinventar o PAICV de forma permanente”, nomeadamente com o regresso à “formação dos militantes”.
“Queremos um PAICV grande, um PAICV inovador”, concluiu.
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