Porta-voz da Casa Branca, entre julho de 2019 e abril de 2020, Grisham trabalhou como chefe de gabinete da ex-primeira-dama Melania Trump e publica agora o livro I’ll Take Your Questions Now (“Agora vou responder às vossas perguntas”), em que descreve Trump como temperamental, mentiroso, encobridor e sexista.
A CNN resume agora o que a ex-funcionária da Casa Branca diz sobre a antiga primeira dama.
Lia obsessivamente tudo o que a imprensa dizia sobre ela
Segundo Grisham, Melania Trump lia tudo o que era publicado sobre si. “Como o seu marido e os seus filhos, Mrs. Trump escrutinava todos os artigos como um arquiteto focado em plantas”, escreve, garantindo que que não lhe escapava nenhum detalhe e que tinha alertas do Google para não perder nada.
Ausência do gabinete
Grisham alega que Melania Trump passava pouco tempo no seu gabinete. Tão pouco que garante que só a viu lá “meia dúzia de vezes” durante os quatro anos que passou na Casa Branca. “Mrs. Trump trabalhava a partir de casa muito antes de o país o fazer”, assegura, em referência aos confinamentos e consequente trabalho remoto impostos pela pandemia de Covid-19. O tempo passado por Melania Trump na residência oficial do casal presidencial terá levado, segundo a ex-porta-voz, os serviços secretos a atribuírem-lhe a alcunha de “Rapunzel”. “Muito tempo”, lê-se, era dispendido com cuidados consigo própria, o que incluía muitas horas de sono. “ela acreditava que o relaxamento era essencial num regime de beleza, tal como, caro, tratamentos faciais de de spa”. Outra boa fatia do tempo da ex-primeira dama seria passado a organizar “centenas, senão milhares” de fotografias do seu tempo na Casa Branca.
Tensão com Ivanka
Para Grisham, é claro que apesar de os conflitos não passarem para o domínio público, havia uma tensão entre Melania e a enteada Ivanka, que atribui ao desejo desta de se destacar. A então primeira dama chamava-lhe “a princesa”.
O problema dos alegados “casos”
A Casa Branca nunca confirmou a notícia avançada então pela CNN, de que Melania Trump teria viajado num carro diferente do do marido aquando do Discurso da União, em 2018, por estar zangada com Donald Trump quando surgiram os rumores de infidelidade alimentados pela atriz Stormy Daniels e ex-modelo da Playboy Karen MacDougal. No livro, Grisham confirma que Melania estaria, de facto, zangada, levando-a a distanciar-se do marido mesmo em público. “Senti que ela estava envergonhada e que queria que ele se sentisse envergonhado também”, em vez de assumir o papel da esposa que tenta salvar a reputação do marido. Quando rebentou o escândalo do caso Daniels, conta a ex-porta-voz que recebeu uma chamada de Melania a informá-la de que pretendia viajar no Air Force One antes do seu marido. Perante a sua surpresa, Melania terá respondido: “Não quero ser como Hillary Clinton”, percebes o que quero dizer? Ela entrou no Marine One de mãos dadas com o marido depois das notícias da Mónia [Lewinsky] e isso não pareceu bem.”
Além disso, Grisham e outros funcionários ficaram com a missão de encontrar um militar “bem parecido” para acompanhar a ex-primeira dama ao Discurso da União porque “o chão era tão escorregadio”. “Ri-me porque já tinha visto a mulher andar por ruas enlameadas e de saltos.”
O casaco
O livro dedica um capítulo inteiro ao incidente do “casaco”, aquele verde com “I really don’t care. Do u” escrito nas costas, numa visita a um centro de acolhimento de migrantes, no Texas.
![Fotos do ano 54](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/13534663GettyImages-980586742-1024x682.jpg)
Grisham também não sabe o que levou Melania a escolher a peça, mas conta que, quando as imagens começaram a correr o mundo, as duas tiveram uma reunião para tentar encontrar uma forma de desviar a atenção dos media, com a sua superior a sugerir riscar a parte do “don’t” para que mensagem se transformasse em “Eu importo-me mesmo” e pudesse alegar que a imprensa tinha percebido mal. Terá sido Grisham a dissuadi-la.
Em comunicado enviado ao The Washington Post, o gabinete de Melania Trump classifica o livro como “uma tentativa de [Grisham] se redimir da sua fraca prestação enquanto porta-voz, relações pessoais falhadas e comportamento pouco profissional na Casa Branca. Através de mentiras e traições, ela tenta ganhar relevância e dinheiro à conta de Mrs. Trump”.